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Vasco planeja operação financeira para abater dívida quase pela metade

No pedido de Alexandre Campello ao Conselho Deliberativo há duas pautas a serem debatidas pelos conselheiros do Vasco. A que mais chamou a atenção foi o empréstimo de R$ 30 milhões. Mas o segundo item é ainda mais importante para o clube.

Por trás da frase “Reestruturação do endividamento do clube através de recursos levantados por meio de Fundo de Direitos Creditórios ou veículo similar” está um plano da diretoria para reduzir, de uma vez só, a dívida do clube de R$ 540 milhões para cerca de R$ 290 milhões - uma diminuição de cerca de 45%.

Mas como?

A ideia é usar recebíveis das cotas de televisão como garantia para ir ao mercado e captar uma quantia que possibilite à diretoria buscar os atuais credores do Vasco – cerca de 600 – e negociar as dívidas. Ou seja, tentar pagar à vista e, com isso, conseguir um desconto. A estimativa é limpar R$ 250 milhões do passivo do clube.

 

Isso pode acontecer de duas formas. O Vasco negocia com um fundo internacional para que este possa fazer o aporte. Desta forma, o investidor receberia nos próximos anos o dinheiro das cotas, a juros de 8%. A outra opção é ir ao mercado e captar este valor de forma pulverizada, ou seja, através de cotas de diversos interessados.

- O grande apelo disso é ter o dinheiro agora para quitar a dívida de uma forma que o Vasco possa ter um ganho. Não tem aventura. É uma operação financeira bem amarrada. A conta fecha – afirmou o vice-presidente de Controladoria do Vasco, Adriano Mendes.

Adriano estima que, em caso de aprovação no Conselho Deliberativo, consiga ter uma definição do dinheiro em até dois meses.

Na hipótese de um rebaixamento, as cotas da televisão cairiam e diminuiriam a garantia a ser obtida das cotas de televisão. Entretanto, a diretoria fechou um acordo em que manterá o valor destinado pelo pay-per-view.

Fundo para São Januário em processo

A reestruturação da dívida faz parte de um plano de três pontas do Vasco: o empréstimo de R$ 30 milhões é para ter fluxo de caixa a curto prazo, resolvendo a financeira do clube até julho, quando começa a entrar boa parte da receita das cotas de televisão.

O terceiro fator é outro fundo de financiamento, destinado à reforma de São Januário, que também deve ser lançado em até dois meses. Quando o projeto estiver em ação, a expectativa é de que gere cerca de R$ 6 milhões por mês ao clube – o que seria a folga orçamentária que substituiria a antecipação das receitas de TV.

- Em tese, São Januário muda a imagem do clube, recepciona melhor os torcedores, cria oportunidade de aumentar os sócios, aumenta o desempenho esportivo. Mas do ponto de vista financeiro, é muito mais que isso. São Januário tem um potencial de receita muito grande, além do pagamento da própria reforma.

Confira a entrevista completa com Adriano Mendes:

Necessidade do empréstimo

- É pensado para manter o clube em pé a curto prazo. O novo contrato de TV postergou o pagamento das cotas. Você tem um hiato médio de cinco meses da receita que você recebia até você receber neste ano. O pay-per-view você recebia em janeiro e agora vai receber em agosto. Você fica um tempo sem recurso algum. Já se previa a necessidade do empréstimo. É para suprir a escassez de recursos e o buraco até a receita da televisão entrar.

Superávit não é suficiente

- O problema é que boa parte dessa receita está atrelada ao pagamento de uma dívida. Falta dinheiro, porque, dessa dívida, temos que pagar R$ 300 milhões em um ano. Não adianta gerar lucro de R$ 60 milhões para pagar uma dívida de R$ 300 milhões. Continua faltando dinheiro. E é o que está acontecendo agora.

 

Como funciona o fundo?

- Vamos pegar parte da receita futura e obrigatoriamente pagar toda a dívida de agora. Vai sobrar Profut, dívidas operacionais, e vai restar uma grana, a princípio com um fundo, que vai botar esse dinheiro e receber essa cota de TV no futuro. Vamos repassar esses créditos da TV, o fundo nos adianta o dinheiro, e usamos para pagar a dívida com um deságio grande.

Assim, acabamos com a dívida vascaína pulverizada, desorganizada e cara como ela é hoje, e ficamos devendo a um fundo, mas atrelado ao pagamento futuro da TV até o fim. E vamos ter os credores atuais, maltratados há anos, com o problema resolvido.

Negociação com o fundo

- As negociações ocorrem em várias frentes. Temos negociações com a TV para dar essas garantias, e ao mesmo tempo tem captação de investidores para que possam colocar dinheiro e receber essas cotas. Temos uma negociação com um fundo internacional.

Fundo de São Januário

- Também pode vir de duas fontes: alguém colocando dinheiro de uma forma, ou pulverizado. Esse vai ser um estádio para ser reformado em dois anos, pago em 22 anos. Nessa conta que fizemos, temos custo estimado de R$ 250 milhões de obra, e uma receita que varia entre R$ 450 milhões e R$ 500 milhões.

Tem toda uma lógica financeira sendo construída. São Januário não só se paga, como é a folga que complementa. Reestruturamos a dívida com o Fedic (Fundo de Direitos Creditórios) e temos uma sobra absurda com o estádio, sócios marketing, além da própria receita de camarotes e cadeiras cativas que vão dar um ganho razoável em 20 anos.

Negociação com credores

- A dívida do Vasco é diferente. É pulverizada, fruto de 10, 12, 20 anos. Muitos dos credores ganharam acordo e o Vasco não pagou. Não conseguem penhorar porque o Vasco não tem dinheiro. É um cara maltratado e quer resolver logo. Ele tem apelo danado para sair dessa confusão de clube, está há 20 anos nessa batalha. São 600 credores. É uma batalha para organizar juridicamente, conversar com todo mundo pagar. Tem essa oportunidade. Teremos capacidade muito grande de negociar.

Com aprovação, o que faltaria para captar o dinheiro?

- Precisamos ter a garantia e ter alguém que venha e faça a captação. Ambas as negociações estão em curso em várias frentes. Andaram bastante, mas nenhuma está fechada. Em dois meses vamos saber se é possível ou não.

Como fica o clube sem as receitas antecipadas?

- O grande lance que a gente viu é usar o contrato como um todo. A ideia é espalhar até 2024. Usar de 2020 a 2024, sem nenhum desconto. Não existe a discussão de como vai ficar. Já vamos ficar do jeito que estivermos. Em cinco anos toda essa dívida vence, organizada ou não. Vamos ter que pagar. Se não pagamos, aumentam 50%. É esse custo que acaba. Em cinco anos temos que pagar todo mundo, vamos organizar como pagar desde agora. Essa receita está comprometida de forma organizada ou não.

Como gerar novas receitas para compensar?

- Com essa antecipação, nossa previsão é ter algum empréstimo pequeno no ano que vem, e começar a folgar bastante no fim de 2024. Da forma como vai ser feito, não temos mais problema de caixa a partir do ano que vem.

Estamos fazendo uma redistribuição inteligente da grana. O Vasco vai ficar equilibrado até lá. Só com o dinheiro da TV ele fica equilibrado, mas ele vai ter uma folga a partir de 2023, 2024 para maiores investimentos. Você começa a investir em 2021, tem grandes investimentos em 2023, mas não tem sufoco de 2020 para frente.

O Vasco já vai ficar em pé só com essa operação. Teremos R$ 250 milhões de dívida que irão morrer. Vamos perder a antecipação da cota de televisão, mas deixaremos esses R$ 250 milhões irem embora. Isso já equilibra o clube. O que sobra já permite andar bem.

Como está a situação financeira atual?

- Hoje nem chega o dinheiro. Quando chega, dá para escolher a quem pagar. Nesse momento, é tudo penhorado ou pagando dívidas. Nesse ano, não chegou um centavo. Não tem flexibilidade nenhuma. Por isso, a necessidade do empréstimo.

Fluxo de receitas do Vasco

- A dependência de receita do Vasco em relação à TV é de uns 70%. Isso não chega ao clube, porque paga dívidas logo na entrada. Estamos vivendo com, no máximo, 30% da nossa receita. Esse empréstimo segura tranquilo o clube até julho. Depois disso, começa a entrar o dinheiro da TV. Ainda existe um outro problema. A gente tem uma cota em torno de 60 milhões de TV aberta. Desse dinheiro, talvez metade nem está entrando. Dos R$ 30 milhões que sobram, R$ 20 milhões são pagos em dezembro, pela premiação do Brasileiro.

Último empréstimo?

- Não posso garantir. O fluxo é muito irregular, mas se não for o último, os empréstimos agora serão pré-pagos até o fim do ano. Com a grana de dezembro, não passa para a frente. É um valor menor, para cobrir um ou dois meses e quitar. Mas tudo depende de muita coisa.

Essa gestão do Vasco tem se caracterizado em pensar no clube para a frente. Qualquer receita adicional não prevista vai ser usada para quitar divida. O que tiver que ser feito dentro do futebol sempre será feito. Mas a prioridade maior é organizar o clube para a frente.

Caso o empréstimo seja aprovado, em quanto tempo esse dinheiro entraria na conta?

- Tudo encaminhado para no máximo uma semana depois. Um deles já está amarrado. Devemos aprovar R$ 10 milhões e negociar alguma garantia para outro empréstimo de R$ 20 milhões. É dividido em dois. Até chamar (o Conselho Deliberativo) já vai estar tudo organizado. Depende mais da aprovação politica do que de uma operação financeira.

Há uma alternativa para pagar os salários se o empréstimo não for aprovado?

- Temos, mas está em discussão. Seria outra operação além do empréstimo. Mas o confortável seria o empréstimo. Não estamos pedindo para reforçar o time, mas para cumprir as obrigações normais. É um empréstimo sem juros, não haveria por que uma discussão muito grande para uma operação sem juros e com pagamento prioritário.
 

Fonte: (ge)
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