O Vasco já tem sua arma preparada para diminuir o clima tenso gerado pelas derrotas sofridas para Flamengo (4 a 2) e Bangu (1 a 0), nas duas últimas rodadas da Taça Guanabara. A diretoria pretende quitar os salários atrasados nesta quarta-feira e dar fim a uma velada divisão entre os jogadores, já que o clube deve menos vencimentos às peças consideradas essenciais ao elenco.
Abertamente, os atletas não têm se pronunciado sobre incômodos com a situação. O meia Carlos Alberto, por exemplo, é um dos que tem a situação mais complicada. Considerado uma das reservas técnicas da equipe pela comissão técnica, o jogador tem a receber cinco meses de salários. Já Felipe, outro excluído do grupo dos essenciais, criticou a diretoria publicamente em dezembro, foi afastado e agora defende o Fluminense.
A separação acontece porque em dezembro, quando os atrasos completaram três meses, o Cruzmaltino optou por pagar um vencimento aos seus atletas com mais valor de mercado, caso de Dedé, por exemplo. A medida foi tomada a fim de evitar uma debandada, já que este é o período limite tolerado pela Justiça antes que o profissional possa pedir rescisão do contrato de trabalho por justa causa. A atitude não foi suficiente para evitar um desmanche no final do ano, mas propiciou uma posição melhor para o clube na hora de negociar as saídas de Nilton e Alecsandro, por exemplo.
Prometido inicialmente para a semana passada, o pagamento é providencial também dentro de campo, pois deve tranquilizar o grupo às vésperas do clássico de sábado, contra o Fluminense. A partida ganhou contornos de importância com os recentes reveses da equipe no Estadual. Em caso de nova derrota, a pressão tende a aumentar em cima do elenco, ainda em remontagem após o desmanche sofrido no final do ano passado.
Além de quitar os salários declarados na carteira de trabalho, o clube também deve zerar as dívidas referentes aos direitos de imagem dos atletas na segunda metade de fevereiro. Complemento dos vencimentos oficiais, esses valores são muitas vezes maior parte do pagamento de um jogador profissional.
Na última quinta-feira, coincidentemente mesmo dia da derrota para o Flamengo, o Vasco já havia pago um mês de salários a seus jogadores e funcionários. A verba para a ação veio da venda de Douglas ao Dnipro, da Ucrânia, com a qual o Cruzmaltino lucrou cerca de R$ 4,5 milhões. Já o pagamento desta quarta-feira deve sair do montante que o clube tem a receber da Eletrobrás, pouco mais de R$ 8 milhões. O valor é referente a uma das parcelas do patrocínio da estatal.