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Vice de finanças explica as diferenças entre os balanços do Vasco

A aprovação das contas do exercício de 2008 pelo Conselho Deliberativo esta semana deixou muitos vascaínos assustados. A atual diretoria, comandada pelo presidente Roberto Dinamite, fez um ajuste em relação ao último balanço apresentado pelos poderes do clube, o que gerou um patrimônio líquido negativo de R$ 251.902.000. Antes, o Vasco divulgava ter um patrimônio líquido positivo de cerca de R$ 25 milhões. O GLOBOESPORTE.COM conversou com o novo vice-presidente de finanças, Nelson Rocha, que explicou a mudança radical nos balanços. E garante que atualmente o torcedor conhece a verdadeira situação financeira do clube.

O balanço divulgado pelo Vasco mostra uma dívida total, em dezembro, de R$ 377.854.000. Se a diretoria vender todo o patrimônio, inclusive as sedes, ainda ficaria devendo quase R$ 252 milhões. O que deixa o clube em estado de insolvência. Mas Nelson Rocha garante que o Vasco não vai falir e que não há risco dos sócios pagarem a conta. A situação, nova para os torcedores cruzmaltinos, é comum nos outros clubes cariocas. O Flamengo, por exemplo, divulgou nesta sexta-feira o balanço de 2008 com um passivo de R$ 285 milhões.

O documento que traz o balanço social e o relatório de atividades do Vasco em 2008 distribuído aos conselheiros tem 71 páginas. O dirigente considera que o último balanço, apresentado em 30 de junho de 2008 pela antiga diretoria, possuía uma supervalorização de elementos do ativo. Entre elas contas a receber \"irrecebíveis\", créditos e aplicações financeiras desatualizadas em relação ao mercado, imobilizado incorporado indevidamente e despesas diferidas insubsistentes. Além disso, teria ocorrido uma subavaliação de elementos do passivo: encargos sociais e tributários não foram contabilizados corretamente, empréstimos sem a devida atualização e a falta da previsão de perda com ações na Justiça.

As principais diferenças

A primeira mudança radical entre os dois balanços está na variação do valor de mercado das debêntures, que são títulos de crédito representativos de empréstimos que uma companhia faz junto a terceiros, da Companhia Vale do Rio Doce. Eles estavam avaliados em R$ 35,8 milhões no balanço de 2007 e passaram a valer R$ 312 mil no de 2008. Segundo Nelson Rocha, não houve desvalorização no período, e sim, um ajuste no valor de mercado das debêntures, com base na cotação do SND/Cetip. Elas estariam supervalorizadas pela antiga diretoria.

Outro aumento significativo foi em relação aos encargos sociais e tributários devidos pelo Vasco. No balanço de 2007, aparece o valor de R$ 7 milhões. No aprovado na última terça-feira, o valor é de R$ 88 milhões. Segundo a atual diretoria, a dívida declarada pelo Vasco na Timemania não estava correta. O clube declarou dever R$ 75 milhões para fazer parte da loteria, que visa salvar os clubes de futebol do país. Além disso, o Vasco tem uma dívida de R$ 11,6 milhões em relação ao Imposto de Renda e o PIS.

PROVISÃO DE CONTINGÊNCIAS
Transito em julgado R$ 33.058.000
Provável perda (80%) R$ 22.910.000
Possível perda (50%) R$ 46.626.000
Remota perda (20%) R$ 1.288.000

Mas o ponto mais contestado, principalmente pela oposição, é a \"provisão de contingências\" apresentado no balanço. Antes, as prestações de contas do Vasco não tinham este item, que faz uma projeção de perdas do clube em relação a ações na Justiça até 2008, mesmo sem muitas delas terem sido julgadas. Um levantamento do departamento jurídico do clube, comandado pelo assessor da área, Luiz Américo, elaborou um critério e dividiu todas as ações em quatro avaliações: transito em julgado, provável perda (80%), possível perda (50%) e remota perda (20%). Isso significou uma dívida de R$ 103 milhões no balanço de 2008 (veja quadro acima).

- Você precisa ter uma projeção de qual será a sua dívida com essas ações. Não constar antes no balanço as ações que estão em transito e julgadas não tem cabimento. Essas não têm mais jeito. O resto é o estudo que foi feito. O clube não vai ganhar todas as ações que são movidas contra ele na Justiça. O que foi feito foi se planejar para o que vai acontecer para no futuro essas dívidas não caírem no colo - explicou Nelson Rocha, garantindo que isso é normal nos balanços dos clubes.

Ao ser questionado como os poderes do clube aprovavam, então, balanços que estavam totalmente errados sobre a situação financeira do Vasco, o novo vice de finanças respondeu:

- O que era apresentado não representava a realidade do clube. Tanto que fizemos ajustes em relação ao balanço que foi divulgado pela antiga administração. Acho que tudo era aprovado por desconhecimento por como tudo era feito - disse Nelson, que garante não ter ficado assustado com o que encontrou ao assumir a vice-presidência de finanças.

- Nada disso me surpreende - disse.

O balanço também aponta uma indenização a ser paga a Edmundo no valor de R$ 5,1 milhões. Já a dívida com Romário seria de praticamente R$ 14 milhões. O Vasco teria fechado o ano de 2008 com apenas R$ 56 mil em conta nos bancos.

Nelson Rocha admite que em seis meses a atual administração aumentou a dívida vascaína mais de R$ 9,5 milhões. Mas as receitas também tiveram um ganho no período. Com isso, o patrimônio líquido negativo cresceu R$ 5,4 milhões com Roberto Dinamite.

- A diretoria encontrou o clube sem receita. Não tinha muito o que fazer.

Nelson Rocha terminou a apresentação feita aos conselheiros na última terça-feira citando uma frase de Sófocles, que ironicamente é considerado um dos mais importantes escritores de tragédia da Grécia Antiga: “Não há sucesso sem grandes privações”.

E elas vão acontecer. As despesas atuais do Vasco vão precisar sofrer um corte de 30%. Apenas o departamento de futebol vai ficar livre da redução. A ideia é que em 2010 todas as modalidades esportivas vão ter de ser auto-suficientes. Caso contrário, serão extintas.

- O futebol não pode continuar financiando todo o resto. Se alguma outra área tiver 50 de despesa, vai precisar ter também 50 de receita para pagar isso - garante.

\"A situação do Vasco hoje é gravíssima. Não vamos esperar nada em menos de cinco anos\"

O corte não precisa ser necessariamente com a demissão de funcionários. Atualmente, o Vasco conta com 530. Mas o número é alto em relação ao número de sócios.

- O Vasco tem 1.000 sócios pagantes apenas. Isso dá quase um funcionário para cada dois sócios. O Grêmio, por exemplo, tem cerca de 50 mil sócios e uns 250 funcionários.

Uma das ideias para aumentar a renda do clube é justamente criar um novo programa para captar sócios, o que deve acontecer no final deste mês. A estimativa é conseguir 10 mil novos sócios pagantes.

- A situação do Vasco hoje é gravíssima, mas a capacidade que o clube tem de gerar receitas e a determinação da atual diretoria vão fazer resolver os problemas. Não é algo rápido. Não vamos esperar nada em menos de cinco anos.

Para aliviar as contas, o Vasco tenta conseguir as certidões negativas de débito e assinar com a Eletrobrás. Para isso, na última terça-feira o clube entrou com um agravo de instrumento na 15ª Câmara Civel do Rio de Janeiro pedindo a anulação do débito fiscal.

Assim que o contrato for assinado, o Vasco vai receber logo de cara R$ 7 milhões da estatal. Posteriormente, o clube vai precisar prestar contas do que foi feito com a verba durante os primeiros seis meses do vínculo. Com tudo em dia e comprovado, o outro montante do mesmo valor seria depositado nos cofres vascaínos para selar o primeiro ano da parceria. O contrato entre Vasco e Eletrobrás teria duração de três anos, podendo ser prorrogado por mais duas temporadas.

Fonte: ge
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