Futebol

Blog compara números do balanço financeiro de clubes do Brasil

O fim do mês de abril e o início de maio marcam no Brasil o período de divulgação dos balanços financeiros dos clubes em relação ao ano anterior. E o Blog se debruçou sobre os números de São Paulo,Palmeiras, Corinthians, Santos, Flamengo, Fluminense, Botafogo, Vasco, Grêmio e Inter para explicar a situação deles.

O que chama atenção é que seis dos dez citados fecharam no vermelho em um ano sem qualquer anormalidade. Imagine então em 2020, com o impacto avassalador do Coronavírus. Confira os resultados destes clubes ao longo de 2019.

SUPERÁVIT OU DÉFICIT NO ANO PASSADO:
- Flamengo: R$ 62,9 milhões
- Santos: R$ 23,5 milhões
- Grêmio: R$ 22 milhões
- Palmeiras: R$ 1,7 milhão
- Inter: R$ - 3 milhões
- Vasco: R$ - 5 milhões
- Fluminense: R$ - 9,3 milhões
- Botafogo: R$ - 20,8 milhões
- São Paulo: R$ - 156,1 milhões
- Corinthians: R$ - 164 milhões

OS CASOS DE CADA CLUBE: 

CORINTHIANS: R$ - 164 milhões
O pior resultado financeiro da história do Timão, com déficit de R$ 164 milhões, fez o clube se aproximar de uma dívida total de R$ 700 milhões. Importante: embora o balanço oficial ainda não tenha sido divulgado, o Blog teve acesso ao prejuízo de R$ 164 milhões com uma fonte importante no clube. O principal responsável pelo déficit foi o departamento de futebol, que já estava no vermelho em R$ 127 milhões em outubro. 

SÃO PAULO: R$ - 156 milhões
Assim como o Corinthians, 2019 também entrou para a história do São Paulo como seu pior desempenho financeiro depois de um prejuízo de R$ 156 milhões. Entre as justificativas estão o pagamento de uma dívida de R$ 30 milhões referente à compra de Ricardinho, em 2002, acordos que totalizam mais R$ 7 milhões com outros ex-atletas, um pagamento de R$ 25,7 milhões à CET, além das eliminações precoces na Libertadores e na Copa do Brasil. Detalhe: o Tricolor ainda obteve R$ 104 milhões com vendas de atletas em 2019.  

BOTAFOGO: R$ - 20,8 milhões
Quase R$ 60 milhões a menos de receita em relação à estimativa. Essa é a principal explicação para o déficit de R$ 20,8 milhões do Botafogo em 2019. O clube estimativa arrecadar R$ 250 milhões, mas só gerou R$ 191 milhões e acabou amargando mais um prejuízo - havia sido de R$ 17 milhões em 2018. O Bota só conseguiu R$ 10 milhões com bilheteria, R$ 4 milhões de cotas de participação, R$ 6 milhões com sócio-torcedor, R$ 9 milhões de patrocínio e publicidade, além de R$ 11 milhões de premiações.

FLUMINENSE: R$ - 9,3 milhões
Em 2019, pelo quarto ano seguido, o Fluminense registrou déficit. Desta vez de R$ 9,3 milhões, apesar de ter faturado R$ 105 milhões com vendas de atletas: Pedro e João Pedro foram os grandes responsáveis por esse número. Ainda assim, o Flu só gerou R$ 265 milhões de receita, contra R$ 297 milhões de 2018. A bilheteria até melhorou (saltou de R$ 10 milhões para R$ 16 milhões), mas sócio-torcedor (R$ 5,3 milhões), patrocínio (R$ 9,3 milhões) e receitas de TV (R$ 81 milhões) decepcionaram. 

VASCO: R$ - 5 milhões
A situação do Vasco em 2019 mudou radicalmente em relação ao ano anterior. E para pior. Se teve um superávit de quase R$ 65 milhões em 2018, o Cruz-Maltino fechou o último ano com déficit de R$ 5 milhões. O sócio-torcedor vascaíno foi o ponto alto de 2019, com acréscimo de 150 mil novos membros e uma arrecadação que saltou de R$ 12 milhões para R$ 36 milhões. Mas as outras receitas não aumentaram, ao contrário do endividamento bruto, que pulou de R$ 642 milhões para R$ 709 milhões.

INTER: R$ - 3 milhões
A projeção do Inter era até pior que a do déficit de R$ 3 milhões. Os dirigentes colorados estivavam um prejuízo de R$ 12 milhões, mas a venda de Nico Lopes para o Tigres por R$ 41,5 milhões e os cortes nos gastos ajudaram a equilibrar as contas do clube. É bem verdade que o Inter emplacou o quarto ano seguido com déficit. Foram R$ 27,5 milhões em 2016, R$ 62,5 milhões em 2017, além de R$ 9,5 milhões em 2018. E este último resultado só não foi mais pesado por causa do perdão de uma dívida de R$ 25 milhões por parte do empresário Delcir Sonda.

PALMEIRAS: R$ 1,7 milhão
A falta de títulos em 2019 e o aumento das despesas com o departamento de futebol fizeram com que o Palmeiras chegasse a projetar um prejuízo grande, mas no fim o clube ainda conseguiu registrar um pequeno superávit. Graças principalmente às receitas com direitos de transmissão de TV (R$ 217 milhões), publicidade e propaganda (R$ 119 milhões) e vendas de atletas (R$ 102 milhões), mesmo sem se desfazer de qualquer titular. Chama atenção, porém, o gasto superior a R$ 300 milhões entre salários, encargos e direitos de imagem ao longo de 2019. 

GRÊMIO: R$ 22 milhões
Dono de um superávit pelo quarto ano seguido, o Grêmio talvez seja hoje o segundo clube brasileiro mais saudável, só atrás do Flamengo. Desde 2016, a soma dos lucros totaliza R$ 122 milhões, que permitem ao Tricolor ter dinheiro aplicado em banco. Em 2019, o clube do presidente Romildo Bolzan ainda bateu recorde de receita com os R$ 420 milhões, acréscimo de 17% na comparação com 2018. Já as dívidas de curto prazo caíram R$ 85 milhões em quatro anos e hoje são de R$ 126 milhões. Importante: R$ 90 milhões desse passivo não representam desembolso para efeito do caixa. 

SANTOS: R$ 23,5 milhões
Embora tenha sido dono do segundo maior superávit entre os dez times listados, o Santos tem motivos para se preocupar. É que o clube só fechou no azul em R$ 23,5 milhões graças à entrada de R$ 225 milhões de receitas extraordinárias, sendo R$ 195 mi da venda de Rodrygo ao Real Madrid e outros R$ 30 milhões de luvas de TV e mecanismos de solidariedade. Porém, a dívida líquida subiu para cerca de R$ 440 milhões e o Peixe registra déficits mensais de aproximadamente R$ 10 milhões. Isso sem contar o investimento em reforços, na casa de R$ 100 milhões ao longo de 2019 - várias dessas cifras serão pagas nos próximos anos.

FLAMENGO: R$ 62,9 milhões
Campeão da Libertadores e Brasileiro, o Flamengo também deitou e rolou nas contas. Tanto que alcançou uma receita total de R$ 950 milhões, número nunca antes alcançado por qualquer clube no Brasil ou na América do Sul. Detalhe: o Fla cresceu sua arrecadação em mais de R$ 400 milhões na comparação com 2018, embora as despesas também tenham crescido: de R$ 376 milhões para R$ 666 milhões. Chama atenção a receita com bilheteria (R$ 109 milhões), com sócio-torcedor (R$ 61 milhões) e especialmente com venda de jogadores (R$ 294 milhões). As maiores foram: Lucas Paquetá (R$ 150 milhões), Léo Duarte (R$ 41 milhões), Cuellar (R$ 36 milhões) e Jean Lucas (R$ 34 milhões).

Fonte: Blog do Jorge Nicola - Yahoo