— A tendência é eu colocar os melhores jogadores para jogar. Vou fazer isso sempre na minha carreira inteira. Quando não der para colocar os melhores, é porque não deu mesmo. Não sou um cara preso a uma posição. Se tenho quatro meias que estão brilhando e os atacantes não estão bem, vão jogar os quatro meias. O São Paulo jogava praticamente com quatro meias no ataque durante muito tempo. Eu não tenho essa fixação só pela posição. Quando todo mundo voltar e estiver bem, vão entrar os melhores. Às vezes não encaixa porque tem jogadores com posições sobrepostas e você não consegue encaixar porque está todo mundo muito bem. Mas sempre que eu puder vou colocar os melhores para jogar.
— Não foi só o Puma (na jogada do gol). Ele fez a inversão porque bate muito bem na bola e tem uma inversão facilitada porque chega com um pé direito e essa diagonal longa se oferece a ele. Mas o Robert Renan fez pelo menos três inversões, tem essa característica. Hoje temos mais essa bola longa do lado de cá do que do lado de lá. O Paulo Henrique não é um jogador de fazer bola longa, é mais de condução. O Cuesta também. O Hugo Moura faz boas inversões, Coutinho, Barros. O time tem bastante jogador que bate bem na bola e podemos usar esse artifício.
— Não é que a gente soube sofrer. Quando a gente baixou, o Cruzeiro é um time que gosta de muita profundidade. Quando a gente não conseguia encaixar rápido, a gente tinha que descer mesmo. Não é o jogo do Cruzeiro, que ele se sente mais confortável, não é um jogo empurrando o adversário para trás com muita posse. É um time muito vertical. Quando a gente baixou o bloco, a gente quase não sofreu. Não lembro de o Cruzeiro ter tido uma grande chance nem de o Léo Jardim ter feito uma grande defesa. Hoje existem, nas estatísticas mais apuradas, a expectativa de gol. Não houve expectativa de gol mais importante para o Cruzeiro. Não finalizaram quase dentro da área. Quando tínhamos a bola na área para finalizar, tínhamos muito mais gente do que eles. O time soube se defender bem, não é que soube sofrer.
— A gente não sofreu no jogo. O que faltou um pouco para o time foi ter mais controle da posse. Acho que poderíamos ter tido, em determinados momentos, mais circulação da bola. Estávamos alongando sem ter gente para disputar ou pegar a segunda bola. Outro problema do time foi que, no primeiro tempo, perdemos quase todas as segundas bolas, e foi essa perda que fez o Cruzeiro ter mais volume. Não foi porque nos empurraram para trás, a gente foi aonde tinha que ir e conseguiu se defender bem de um time que é muito bom, bem treinado, com jogadores que são muito talentosos. É o caso do Matheus Pereira, do Kaio Jorge, entre outros. (Cruzeiro) é um time que está com a confiança lá em cima. Um jogo grande, em que a gente soube usar todos os recursos que havíamos treinado para poder aumentar nossas chances de vencer.
— Eu falei para ele voltar. Assim. Tomara que a gente continue rindo no dia que perder. E não crie aquela polêmica de "Olha, foi estourado, mal-educado". Essas coisas não mudam. Mas esse relativismo moral que a gente gosta de fazer o espetáculo para fora. Se aquilo é errado, é errado hoje na vitória. Então, não é motivo de riso. Não é por causa da vitória. O que é certo é certo. E o meu jeito é esse. Sou assim com o Rayan, com o Hugo Moura. Eu nunca levantei minha voz com jogador para prejudicar, muito pelo contrário. A minha vida é de dedicação plena para os jogadores e para os torcedores. Quando eu faço um gesto assim, os atletas entendem que é sempre para o melhor. Ali, eu não preciso me fazer de super educado para agradar uma plateia externa. Sou conectado com o jogador de uma maneira que me permite isso. Tanto é que o Hugo voltou e continuou. Se fosse outro tipo de comissão e outra relação, sentiu um pouco e sai do jogo. Eu tenho um limite diferente de levar o jogador e me relacionar com departamento médico.
— O jogo estava ficando com muita transição. Tirei o Vegetti e o Nuno. Estava com a cara muito mais do Andrés e o David para o jogo de hoje. Por isso, quis substituir aquela hora, não quis esperar muito. Para a gente aproveitar o Vegetti, temos que ter posse no ataque para ele terminar os lances e ter mais chances de fazer o gol, um cara artilheiro. Isso não estava acontecendo, vi que não ia mudar muito mais o cenário. Achei que teríamos mais chances de não levar o gol e fazer o segundo.