O Vasco viveu uma das derrotas mais dolorosas dos últimos tempos. O placar de 2 a 1 para o Corinthians, na decisão da Copa do Brasil, machucou um torcedor que acreditou — com razão — na chance de deixar o Maracanã com um título nacional depois de 14 anos.
O time conquistou a vaga na final com merecimentos. Eliminou Botafogo e Fluminense jogando mais, sendo um time equilibrado nas duas partidas. Foi melhor do que o Corinthians no jogo de ida, mas voltou sem vantagem para o Maracanã com o 0 a 0 em São Paulo. Fez falta não trazer uma vitória de Itaquera.
O Vasco fez um jogo praticamente sem erros em São Paulo. Já no Maracanã, diante de mais de 65 mil torcedores, errou três vezes. Em duas delas, o Corinthians balançou as redes e construiu a vitória. Mesmo tendo mais a bola e mais iniciativa, a equipe de Diniz não teve experiência e casca para não cometer erros decisivos e cair na estratégia dos paulistas.
Ao apito final, alguns torcedores do Vasco aplaudiram o desempenho do time. Mas a verdade é que muitos não esboçaram reação. Ao contrário do comum, a maior parte dos torcedores vascaínos seguiu na arquibancada paralisada. O sentimento de frustração tomou conta do Maracanã. O Vasco não saiu da fila e viu mais uma vez o Corinthians como pedra no sapato.
Em um espaço de 25 anos, a equipe paulista criou quatro grandes traumas no clube carioca: o Mundial de 2000, o Brasileirão de 2011, a Libertadores de 2012 e agora a Copa do Brasil de 2025.
Como Diniz disse na entrevista coletiva após a partida, experiência é intrasferível. O Vasco é um time muito mais jovem do que o Corinthians, com jogadores que viveram seus primeiros jogos decisivos nesta Copa do Brasil.
Os dois gols do Corinthians nasceram de transições rápidas que o Vasco não conseguiu neutralizar. O jogo estava desenhado para a velocidade de Yuri Alberto atacando os zagueiros em profundidade. No primeiro gol, ninguém fez o combate em Matheuzinho; Cuesta estava distante da cobertura, e Léo Jardim não saiu do gol para tentar o corte. O segundo nasce de um erro de Puma e um lance genial de Bidon, que desmontou a marcação, deixou Barros para trás e encontrou uma defesa desorganizada.
O Vasco tinha futebol para vencer no Maracanã. Tanto que empatou ainda no primeiro tempo e voltou melhor do intervalo, esboçando pressão. Mas caiu no jogo picotado do Corinthians e na estratégia de Dorival Júnior.
O gol poderia ter saído no abafa final, mas Hugo Souza defendeu um chute forte de Rayan, enquanto atuações abaixo de Paulo Henrique, Coutinho e outros jogadores da criação pesaram. Thiago Mendes e Andrés Gómez foram os destaques vascaínos nos dois jogos da final, enquanto o trio citado acima ficou aquém do esperado.
Casca se cria dentro de campo, e as derrotas são os resultados que criam as maiores lições. Esse mesmo Corinthians chegou a todas as semifinais da Copa do Brasil desde 2022, mas só foi campeão na quarta vez. O Vasco chegou à semifinal no ano passado, algo que não acontecia desde 2011, e caiu para o Galo. Voltou em 2025 e chegou à decisão, mas sentiu falta de mais experiência e mais poder de decisão.
Para o futuro do clube, é fundamental que o Vasco tenha constância entre os protagonistas, como teve na Copa do Brasil em 2024 e 2025.
É importante não ter campanhas vergonhas como a da eliminação da Sul-Americana desse ano com goleada para o Del Valle, ou a eliminação da própria Copa do Brasil em 2023 para o ABC em casa. No torneio nacional, o Vasco antes de 2024 vinha de sete eliminações antes das quartas de final da competição, muitas delas nas primeiras fases.
A temporada de 2025 deixa aprendizados claros. O clube errou na avaliação do elenco no início do ano, mas acertou na janela do meio da temporada ao reformular metade do time titular. Para 2026, o objetivo precisa ser claro: voltar à Libertadores e ser competitivo no Brasileirão e nas copas.
Para isso, o elenco terá de ser qualificado. O time titular, após os reforços, mostra equilíbrio e nível para Série A e Sul-Americana de 2026, mas o banco é curto. Não por acaso, Diniz evitou ao máximo substituir Coutinho e Nuno Moreira, mesmo esgotados fisicamente, ao longo das semifinais e finais. Vegetti foi praticamente a única alternativa ofensiva em quem o treinador demonstrava confiança plena, mesmo vivendo fase irregular.
Segurar Rayan será difícil, mas o atacante é o grande diferencial de um Vasco que dependeu muito do camisa 77 e das tentativas de Andrés Gómez nas duas finais contra o Corinthians. Em 2024, o Vasco terminou a temporada com uma espinha dorsal e precisava de reforços para dar um salto. Agora, a equipe já tem um time titular base, mas precisa de mais opções no banco para sustentar o rendimento em uma temporada longa.
A torcida viveu a frustração de ver um título tão próximo escapar. A dor foi do tamanho do Maracanã. Ainda assim, o torcedor seguirá ali. Os vascaínos que lotaram o estádio ao longo da campanha e fizeram linda festa nos últimos três jogos no estádio merecem ver o clube voltar a ser campeão, especialmente após duas décadas marcadas por dificuldades e pelo sucesso recente dos rivais.
Mas os rivais, em reconstrução, também passaram por frustrações seguidas até voltar a conquistar um título importante. O Botafogo fracassou em 2023 e depois conquistou o Brasileirão e a Libertadores em 2024. O Fluminense veio de eliminações seguidas em Libertadores até vencer em 2023 e sair da fila. O Flamengo acumulou vices antes de 2019. O caminho não é linear.
A tristeza da derrota e a ansiedade por novos títulos fica com o torcedor, . Ao Vasco — diretoria, jogadores e comissão técnica — cabe a necessidade de aprender com os erros da temporada e não repeti-los. Já tem Brasileirão daqui a cinco semanas. Tem o Carioca nas primeiras semanas de janeiro. Tem a Sul-Americana e a Copa do Brasil ao longo do ano.
O vascaíno não quer mais um ano irregular no Brasileirão. O vascaíno quer voltar a ver o Vasco disputando títulos. Assim, o clube estará mais próximo de erguer um troféu e fazer a tua imensa torcida bem feliz novamente.
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