Futebol

Fernando Diniz fala sobre importância da torcida, Vegetti e mais

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Tamanho da vantagem

— É como se fosse o 1º tempo. Acabou o 1º tempo e precisam de mais um gol para decidir. Não tem nada ganho. Vamos encarar o jogo com muita seriedade. É mais ou menos como foi hoje no 1º tempo: o Fluminense terminou ganhando e tínhamos que buscar. Só terminou o primeiro tempo. São 180 minutos, temos que ficar focados, procurar corrigir o que tivemos de errado hoje e enfrentar o jogo de domingo com a máxima seriedade e respeitar o nosso adversário.

Importância da torcida na virada

— A importância da torcida é fundamental. É nosso melhor jogador sempre. A torcida do Vasco é incrível, chega a ser inacreditável o tanto que conseguem apoiar. O jeito de torcer, é uma torcida tão machucada nesses últimos anos. É um sonho muito grande fazer a torcida do Vasco feliz. É o que vamos tentar.

Relação com Rayan

— É uma coisa que gosto de fazer com os mais jovens, já que você citou dois jovens (nota da redação: repórter lembrou de John Kennedy, do Fluminense). Jogador de futebol é muito machucado. É um tipo de categoria de pessoas na sociedade que achamos que quando vai enfrentar um estádio como esse que achamos que eles são de ferro. Perdemos muito talento nessa pressa de achar heróis e vilões. Preparamos muito mal os jogadores. É difícil para mim, com 51 anos, imagina para quem tem 19? Um dos principais pilares do meu trabalho é essa preocupação que eu tenho. Eu me aproximo porque é isso que posso me oferecer. O Rayan não tinha problema com futebol, ele tinha problema de confiança e prazer de jogar furebol. A torcida estava hostilizando... Era um problema de comportamento. Se você não traz confiança fica difícil. Sempre digo uma frase: jogador com confiança é bom, jogador sem confiança é ruim. Para o cara com talento, que são os casos de Rayan e John Kennedy, eles vão se destacar.

Vegetti, após chateação do último jogo

— É uma coisa natural. Tenho uma relação muito próxima, é um grande artilheiro nosso, um dos maiores ídolos da história recente do Vasco. Foi muito importante aqui naquela saída do Vasco de 2023 da zona de rebaixamento. Uma coisa inesquecível. É um dos grandes artilheiros da temporada. É uma pessoa em quem confio muito. Confio como jogador e pessoa. Teve um momento de irritação contra o Atlético-MG, depois conversamos dentro do jogo mesmo. Não foi uma coisa relacionada especificamente a mim. Saiu irritado e acontece. Está resolvido. Não está resolvido porque fez o gol, porque se não estivesse resolvido não teria entrado. Não sou uma pessoa rancorosa com ninguém. Não tenho rancor. Sou muito franco, exponho as coisas na beira do campo, mas minha relação com o jogador tem um grau de profundidade bastante interessante. Como não tem dolo, não tem maldade na relação, as coisas acabam caminhando para melhor. Foi uma relação que ficou mais próxima e não mais afastada. Quando as pessoas têm bom coração, a tendência é daquilo ficar ainda mais forte, que foi o que aconteceu. Uma relação mais equilibrada.

Via favoritismo do Fluminense?

— Não acompanho muito internet e rede social. Imaginava que o Fluminense pudesse chegar como favorito pelo momento pelo que estão passando. Via naturalidade nisso, não me apoiei em nada sobre favoritismo. Trabalhei o time do Vasco que iria enfrentar um time bom, com mérito, que sabe se defender, sabe construir lá de trás, fazer transição, faz gols de bola parada com certa constância. O tempo que tive foi para me ocupar de treinar o melhor possível primeiro para saber se defender do Fluminense e explorar algumas deficiências que todos têm.

Diferença do 1º pro 2º tempo

— Não achei que no primeiro tempo estávamos alçando muitas bolas. O Fluminense baixou a marcação depois de fazer o gol e fica difícil de entrar. O Gómez estava jogando mais por dentro e nós abrimos ele. Não é só cruzar ou alçar, mas sim como você faz isso. Nós tivemos mais serenidade, as dinâmicas de passe mudaram. O jogo fluiu com mais naturalidade.

Desempenho em copas

— No São Paulo, a gente fez um trabalho de um ano e meio que conseguimos vaga direta na Libertadores pelo Brasileiro. No outro ano, tínhamos sete pontos na frente na liderança. No Fluminense, peguei o time na zona de rebaixamento e terminamos em terceiro. Não é que o trabalho só acontece nas copas, mas quando temos uma restrição de orçamento fica mais difícil de manter. Palmeiras, Flamengo e Botafogo no ano passado tinham praticamente dois times. E o Palmeiras e Flamengo ainda têm uma categoria de base forte, com dinheiro, eles contratam jogadores de 15 anos. É elenco robusto, com praticamente dois times para andar nas competições. A gente está aprendendo a fazer as coisas no Vasco. Eu falei que o Vasco está aprendendo a ser grande. É o Vasco que eu dirijo. Não é uma coisa que vai ganhar sempre. Você pega um time muito machucado... É um processo que estamos vivendo e a tendência é ganhar mais consistência, mas o que precisamos é ter foco para domingo.

Terceira vitória contra o Zubeldia

— É um treinador que respeito muito. Já perdi para ele no Morumbi quando ele era do Lanús. É um treinador que tem muito respeito tanto da parte técnica quanto do pessoal, eu respeito muito como pessoa.

Mental para o mata-mata

— Acho que é um aprendizado constante. A vitória contra o Inter foi muito contundente. O decréscimo do Inter para o Mirassol, embora tenhamos perdido o jogo, tecnicamente a gente jogou muito bem. Faltou um pouco de energia para a gente. Porque quando tem essas vitórias muito significativas como foi a contra o Inter, que tirou a gente do rebaixamento e depois já tínhamos que pensar na Copa do Brasil você vê que tivemos uma queda bem menos significativa do que do Santos para o Juventude ou daquela sequência de vitórias que depois caímos bastante. E aí o jogo contra o Atlético-MG não entra nessa lista. Foi bem atípico. O Vasco precisa aprender a ser grande e ser consistente. Entregar desempenho, entregar grandeza. Nessa reta final acho que o time está muito concentrado, conectado. Sabe que foi só o primeiro tempo. Agora é corrigir. Erramos coisas no primeiro tempo, encaixe de marcação, perda de segunda bola, de duelos. Como outra bola parada que marcamos mal. Temos coisas para corrigir assim como o Fluminense terá. É uma disputa que está em aberto.

Quatro jogadores ofensivos no banco

— É o necessário. Dificilmente vou colocar cinco atacantes. Quando vou compor o banco tem toda uma composição de quem está mais integrado. O Garré nem entrou no jogo passado. Existe uma dinâmica nas relações que temos que respeitar. O Futebol não vive só daquilo que é técnico. Por exemplo, uma pergunta que vocês não fizeram, mas se tivesse perdido vocês provavelmente fariam... Eu só mexi com 30 minutos (do segundo tempo). Quando ganha está tudo bem. Eu mexo para melhorar o time.

Sem finalizações no alvo no primeiro tempo foi nervosismo?

— Não achei o time nervoso no início. Acho que teve uma alternância de domínio. Começamos bem e depois o Fluminense chegou. Depois entramos no jogo novamente, ficou equilibrado e terminamos melhor. Finalização que vai no alvo pode ser algo que não significa nada. Um chute que vai para fora pode ser muito mais claro. Foi um jogo de poucas oportunidades no primeiro tempo. Acho até que o jogo foi melhor que a maioria dos jogos decisivos. Se comparar com o jogo do Cruzeiro ontem, o de hoje foi muito mais aprazível. A ideia do segundo tempo não foi ser mais agressivo, e sim era jogar no primeiro tempo o que fizemos no segundo. Não foi por nervosismo, foi por encaixe.

O que foi trabalhado mentalmente para hoje?

— Acredito que o mental dos jogadores está em dia. A derrota para o Atlético-MG, embora tinha sido muito atípica, tudo faz parte de um roteiro da semana. Viver é isso. Saber quando temos derrotas significativas e saber como o time reage a isso. O time do Vasco desde que eu estou aqui, está sabendo fazer isso muito bem. Saber quando está descendo, ir melhorando, se juntando, corrigindo. Sabendo aquilo que nos faz fortes, o que nos faz frágeis. Acho que hoje o time soube se fortalecer. Em um processo geral. Esse tipo de jogo, com bastante contundência em uma partida decisiva, não é construído em três dias ou em uma semana, mas sim nos sete meses que estou aqui. Os jogadores treinam muito. Já falei mais de uma vez: esse time do Vasco está entre os times que mais trabalham, trabalham com vontade. Merecem coisas boas assim como o torcedor. E trabalham em todos os sentidos: físico, tático e mental. Não tem uma mágica de dois ou três dias. No processo que estamos construindo tivemos de onde buscar energia para fazer a boa partida que fizemos hoje.

Puma na esquerda e mecanismos de saída de bola

— O Puma foi muito bem, não só hoje, mas no período mais longevo que o Piton ficou afastado. Foi bem na parte ofensiva e defensiva. Deu pré-assistência para o Andres Gomez e acertou a trave. Puma tem características muito interessantes. É alto, quase ambidestro, bate bem na bola... Eu procuro colocar no campo jogadores que vão render mais. Não sou preso em trazer dois zagueiros, dois atacantes... Eu gosto de jogadores que jogam em mais de uma posição. Por mais que ele tenha jogado pouco no lado esquerdo, ele já tinha treinado ali mesmo antes da lesão do Piton.

— Mudamos pouco os mecanismos de saída. Estudamos como o Fluminense marcava, e fizemos o que nos dava mais conforto. Hoje o time soube fazer bem isso. No primeiro tempo acho que deveríamos ter baixado mais, o que melhorou no segundo tempo. Tivemos menos bola longa.

Fonte: ge