Futebol

Horta pretende criar 'conselho superior' no Vasco; Veja outras propostas

No dia 7 de novembro, os vascaínos vão às urnas para eleger o presidente do clube no próximo triênio. O GloboEsporte.com inicia nesta quarta a série de entrevistas com os candidatos Fernando Horta, Julio Brant e Eurico Miranda. Horta, da chapa "Mudança com segurança", é o primeiro. Ele foi vice geral na gestão de Eurico e se afastou para lançar a candidatura.

Durante a campanha, Fernando Horta tentou desvincular sua imagem da do atual mandatário cruz-maltino.

- Algumas pessoas me ligam ao Eurico, mas não tem nada a ver. Não tem nada a ver. Não tenho parentesco com ele. Sempre fui oposição - afirmou.

Fernando Horta tem 65 anos, é empresário e atual presidente da escola de samba Unidos da Tijuca. Ele conta com o apoio de Otto de Carvalho, presidente do conselho fiscal e que retirou sua candidatura, além de outros nomes conhecidos da política vascaína, como José Luiz Moreira, José Carlos Osório e Nelson de Almeida.

Nas entrevistas, são cinco temas fixos para os candidatos - CT, São Januário, sócio-torcedor/marketing, finanças e futebol - e cinco perguntas específicas para cada um.

Confira a entrevista com o Fernando Horta:

A partir de 2019 a CBF planeja proibir treinos no mesmo local dos jogos. Sua chapa tem um projeto para construção de CT?

Fernando Horta: Está no nosso projeto. Logicamente que vamos ter que procurar terreno e empresas capacitadas. Aí faremos uma concorrência. Já temos pessoas que se comprometeram a me ajudar. Não vamos ter muita dificuldade. Será preciso fazer, o Vasco necessita há muitos anos. Infelizmente estamos saindo atrás. Com a capacidade que tem, o Vasco tinha que ser o pioneiro. Mas, como em tudo, estamos sempre ficando para trás.

O terreno temos em vista. Há um parceiro que participará da nossa administração que é construtor. Mas não quer dizer que vai ser ele a fazer, mas vai ajudar bastante. Isso está com a minha equipe. Estão fazendo um estudo, vendo áreas possíveis, até da Prefeitura e do Estado.

Qual o planejamento para São Januário? Acredita que o estádio precisa de uma remodelação?

O estádio precisa de uma reforma, mas não acho que seja prioridade. Houve uma oportunidade quando o governador e o prefeito eram vascaínos... O que temos que resolver é o entorno. Vamos tentar politicamente, com a ajuda dos órgãos, sem prejudicar muito os moradores. Não adianta querer colocar, 40 mil, 50 mil no estádio e as pessoas não conseguirem entrar nem sair. As pessoas falam muito bonitinho, querem iludir os vascaínos. Eu não vou iludir. Não falo de arena. Arena é coisa para touro. Falo de estádio de futebol. Mas um mandato é de três anos, que não é tanto tempo assim para resolver estes problemas todos.

O acesso precisa ser melhorado. Existe um projeto de abrir um rua por dentro da Barreira (comunidade vizinha ao estádio) e levar direto até a Avenida Brasil. No projeto para as Olimpíadas, o BRT ia passar por ali. Espero que concluam a obra, que não é muito difícil. Melhora o acesso. Temos uma parceria com a Cadeg (centro gastronômico) para usar o estacionamento para mil carros. Nos dias de jogos teremos transporte para levar de lá até o estádio. Incluir tudo isso no ingresso. Vai facilitar muito. Essa parceria já está fechada.

Para motivar os sócios, jogo em São Januário não vão pagar. Podem ser três, quatro jogos por mês que não vão pagar. Os sócios-torcedores, sócios normais, remidos, proprietários, bronze... qualquer categoria. Até para incentivar o aumento do número de sócios. Lógico que vamos estipular um valor como taxa de manutenção. Mas terá direito a chegar com a carteirinha, passar na roleta e entrar.

Quais os planos para o departamento de marketing e para alavancar o programa de sócio-torcedor?

Primeiro temos que fazer uma estrutura mais moderna, porque o marketing atual do Vasco é um fracasso. E não ficar dentro de São Januário. Vão ter empresas que vão prestar serviço ao Vasco. Para uma pessoa adquirir o sócio-torcedor, precisa ter vantagens, facilidades. Tenho uma série de pessoas donas de supermercados que estão na nossa administração. Vamos fazer parcerias com lojas para que tenham desconto. O próprio cartão do torcedor vai ser o de crédito. Vamos tenta fazer com faculdades, como fez o Palmeiras. Tudo que é bom tem que ser copiado. É para motivar o sócio também fora do Rio de Janeiro, que tem poucos benefícios.

Nós vamos também fazer a Casa do Vasco no Brasil inteiro, como tem o Barcelona, Benfica. Uma sede em casa estado, ou até mais. Vamos aperfeiçoar. Vai dar lucro ao clube. Será como um consulado do Vasco.

Como é possível recuperar as finanças do clube? Hoje em dia é possível saber o tamanho da dívida?

Não temos, embora estivesse antes no clube. Só imaginamos, porque dívida se faz da noite para o dia. O rombo pode ser maior até janeiro. Sabemos por alto. Mas sei que é viável porque sou do comércio, desde 12 anos. Meu pai me ensinou uma coisa prática: quando sair para comprar um estabelecimento, ele sempre procurava saber quando faturava. Em cima daquilo, tinha o valor que poderia pagar. O Vasco é um elefante adormecido, temos como dobrar o faturamento em pouco tempo. Isso não me assusta. Dá para contornar e pagar.

Logicamente que temos que zelar como se fosse uma empresa própria. Duvido que uma empresa pagaria os salários que pagam no Vasco. Temos que administrar essa parte. Só evitando o excesso com funcionários e com jogadores que não jogam, em fim de carreira, dá para montar um grande time de futebol.

Quais medidas pretende implementar a curto prazo para o futebol profissional e na base?

Na base é mais fácil, temos que dar toda a estrutura. Tem que ser estrutura top, igual do time principal. Lá que estão as sementes. Temos que plantar e depois colher os frutos. Temos coisas estranhas acontecendo na base, não sabemos o que vamos encontrar. Vamos ver se o Vasco tem os direitos sobre os meninos. Um caso recente foi a venda do Douglas, que acho que nem as pessoas que estão lá dentro sabem o valor. Para mim é motivo de estranheza. Essas coisas precisam ser explicadas.

O Vasco não é nosso, é de todos. Tem que dar satisfação. O futebol profissional é o produto número 1. Não medirei esforços para montar um competitivo, é assim que tem que disputar, que vai arrumar patrocínio, dinheiro... Não é difícil. Com os salários que o Vasco paga, se souber administrar dá para fazer um grande time e sobrar um troco.

O Zé Ricardo está fazendo um bom trabalho. Ainda não posso falar em treinador. Isso não sou eu, é a minha equipe que vai fazer uma avaliação. O Fernando Horta não vai decidir sozinho. Meu projeto é ter um conselho superior. Estatutariamente não tem, mas quero montar um com cinco ou seis pessoas. Será para me ajudar financeiramente também. Isso vai ser decido na hora que sentarmos lá.

Não quero dizer que vou trazer o jogador tal, vender ilusão. Igual ao rapaz que vende ilusão. Podia dizer que fiz um negócio lá em Portugal, dizer que sou amigo do Cristiano Ronaldo e que ele vai jogar emprestado ao Vasco por três meses. Não. Nós temos os pés no chão e eu jamais me arriscaria, com a idade que tenho...

Qual é/era sua relação com Eurico Miranda?

Algumas pessoas me ligam ao Eurico, mas não tem nada a ver. Não tem nada a ver. Não tenho parentesco com ele. Sempre fui oposição. Em 87 eu já era. Fizemos uma composição política, infelizmente. Não tinha candidato para dar seguimento no Vasco, que estava destruído. Eu não pude ser candidato por questões particulares. Tanto que depois saí da administração dele. Devem ser idiotas ou mandadas pelo Eurico as pessoas que falam isso. Era só eu me aliar a ele e ganharia a eleição fácil, igual na última. Dos votos dele, 40% ou 50%, fora o Mensalão, que já existia, foram dados por mim.

Tem um candidato que usa isso como argumento (Julio Brant). Aliás ele não pode usar nada. Ele sabe que sou empregado, sou administrador... Ele tem que apresentar o que faz da vida, dizer onde trabalha. Fala que é em uma multinacional, mas que é sigiloso... Se tem esse contrato ele não pode administrar nenhum clube. É proibido. Qualquer empresa faz isso. Que mostre a cópia do imposto de renda. Ele fica batendo nisso... é um idiota que não sabe nada do Vasco. Teve um benemérito que perguntou a ele quantas piscinas existem em São Januário, e ele não soube responder. Na última eleição ele teve que pedir informação a um parceiro dele de chapa como chegava mais fácil a São Januário. Estava na Zona Sul.

Diz ele que foi três vezes a São Januário como oposição. Dos 30 conselheiros que elegeu para oposição, hoje três estão com ele. Nem isso ele conseguiu manter. Ele é um marketeiro danado, sabe se vender. Mas acho que está meio perturbado da cabeça.

Por que você demorou tanto a largar a atuação gestão do Vasco? O que te desagradou?

Tem uma razão. Me desagradou depois de quatro ou cinco meses. O Vasco estava mal, ele insistindo naquela coisa de que ia para Sibéria, e eu disse que tínhamos que mudar de treinador. Não me ouviu nunca. Se tivesse, o Vasco não descia. Tinha salvação. Já foi um desgaste. Depois, na segunda divisão, imagina se eu saio no meio de uma crise. Iam dizer que eu tinha corrido. Chutei o balde em novembro, quando cobrei dele que tinha que me envolver mais no futebol. Não queria ser diretor. Mas não estava dando certo o que ele e o filho estavam fazendo.

Sentamos para conversar para pensar em 2017. Aí dei uma sugestão de um técnico que eu tinha conversado para estudarmos (Abel Braga), fazermos um estudo. Aí um dia chego a São Januário, fico esperando por ele. Entra, me cumprimenta, e manda chamar a assessoria de imprensa. Aí ele diz: coloca aí no site que eu contratei o Cristóvão. Eu fiquei dois minutos e saí. Fiquei de novembro até abril sem ir a São Januário. Em abril, pensei 500 vezes, mas fiquei como observador. Chegou em agosto eu me decidi. Não pedi afastamento, apenas licença até dia 20 de novembro, pensando em ser candidato. Assim tenho direito de chegar e ficar vigiando o que vai acontecer.

Não sou amigo do Eurico. Sou conhecido. Tinha até uma certa simpatia. Mas cheguei a uma conclusão, a de que ele não tem amigos. O amigo dele é ele e os filhos, só. Se eu tive uma decepção na minha vida foi quando trouxe o enredo do Vasco para a escola (centenário em 98), e infelizmente a escola foi rebaixada. Fiquei triste, desapareci 15 dias. Mas a decepção com o Eurico cobriu essa em 99.

Houve um acordo com Eurico de que ele te apoiaria nessa eleição?

Fui procurado pela oposição. Uma vez saiu uma notícia com o Edmundo, e ele ficou invocado, respondeu. Eu admiro muito como jogador, para mim foi o melhor que vi jogar no Vasco. Mas o empresário dele, um tal de Cristiano, esteve aqui dentro da escola me dizendo se eu seria o candidato que teria apoio do Edmundo. Queriam o futebol. Depois quem marcou comigo de jantar foi o Léo (Gonçalves). Depois ele me apresentou o Julio Brant, que eu nunca tinha visto em São Januário. Ele não conseguiu almoçar comigo. Disse que não conhecia ele, que apoiaria o Léo, que tinha mais chance do que ele.

Quando retirei minha candidatura, pensei em não apoiar ninguém. Via uma oposição fraca. Fizemos um acordo político (ele e Eurico). Caí no erro... fui enganado. Era para ser uma administração compartilhada, eu podendo opinar mais. Nós administraríamos esses três anos e eu seria agora o candidato da situação. Mas depois até agradeci quando ele lançou a candidatura em janeiro. Refleti e achei melhor. Agora eu teria que carregar ele. Estou totalmente independente da família Miranda, sem compromisso nenhum. Ele não tem palavra, tenho motivos para falar isso. Eu tenho medo de perder minha honra e minha palavra. Homem não pode perder a dignidade.

O fato de você ter participado da atual gestão complicou muito as conversas com os grupos de oposição na tentativa de uma união?

Estou dentro do carnaval há muitos anos. Sabe o que é a nota 40? A harmonia. Sempre fui um cara de paz, não tenho oposição dentro da escola. Já deixei três vezes, mas ganha sempre quem eu indico. Agora vai ser a mesma coisa. Eu estou aberto sempre, conversei, mas não posso retalhar o Vasco. Estou pronto para conversar. E mesmo depois de ganhar, porque eu vou ganhar, vou querer conversar. Não são meus inimigos. O Vasco não é meu, é de todos. Não tem perseguição.

O que os anos de experiência no samba podem ajudar agora no futebol?

Muito. E não só o samba, já fiz muitas coisas na vida. Você lida com a parte social, que pretendo fazer no Vasco também, e lida com pessoas, com vaidades. E mexo também com muita verba. A Tijuca é uma escola limpa, não tem uma ação trabalhista. As pessoas confiam. Se eu pegar um real, será aplicado. No Vasco vai ser a mesma coisa. Não tem nem comparação a Unidos da Tijuca com o Vasco, sabemos separar as coisas. No Vasco vai ser um universo muito maior. As pessoas vão ajudar, não estou preocupado com isso. A paixão do torcedor vascaíno supera isso.

Qual será o cargo do Otto Carvalho, que retirou a candidatura para lhe apoiar, e a do José Luiz Moreira?

Ainda não sei qual será. O José Luiz é igual a mim, Vasco. Ajudou muito o Vasco. As pessoas não têm nem noção. Se tem pessoa ingrata com o José Luiz é o atual presidente do Vasco. Uma ingratidão muito grande. Ele vai fazer parte da administração, sem dúvida. Mas não tem nada comprometido sobre futebol. Não vou colocar vice-presidente assalariados como existem hoje. O Vasco tem que entrar na modernidade, ser profissional.

O Otto é parceiro, conhece muito do Vasco. Sou o único nesse cenário político que pode derrotar o Eurico. O Otto veio me apoiar. Ele deve continuar no cargo dele, de presidente do conselho fiscal. É bom para isso, é "cri cri". Pessoa que entende do Vasco. Se não fosse eu, o mais indicado seria o Otto.

Fonte: ge
  • Domingo, 17/03/2024 às 16h00
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