No começo do ano, poucos eram aqueles que apostavam que o Vasco terminaria a temporada com uma vaga na Libertadores. Apenas o presidente Eurico Miranda e os torcedores mais otimistas adotavam esse discurso. Os mais pessimistas falavam, inclusive, em brigar para permanecer na Série A.
E sob a desconfiança da imprensa e de boa parte da torcida, o Cruz-Maltino enfrentou um ano de altos e baixos, com confusões, trocas de técnicos, eleições polêmicas… Que, no fim, terminou em alta com a vitória sobre a Ponte Preta, o sétimo lugar no Brasileirão e a conquista de uma vaga na fase preliminar da competição continental. Relembre a montanha-russa vascaína em 2017:
Investimento modesto
Com orçamento limitado, o clube não pôde investir muito para montar o elenco de 2017. Desembolsou apenas para trazer Escudero (R$ 1,5 milhões). Nas demais contratações, aproveitou oportunidades de mercado, como nas vindas de Anderson Martins (no 2º semestre) e Ramon, ou se utilizou de empréstimos, como nos casos de Jean, Gilberto e Breno.
Começo ruim e queda de Cristóvão
O time começou o ano com Cristóvão Borges como técnico. E o primeiro passo da caminhada não foi nada bom: derrota por 3 a 0 para o Fluminense na estreia do Carioca. A eliminação para o Fla na semifinal da Taça Guanabara, seguida para a queda para o Vitória na 3ª fase da Copa do Brasil derrubaram o treinador precocemente, em meados de março.
Chegada de Milton Mendes e título da Taça Rio
Milton Mendes foi o escolhido para assumir o comando. Sua chegada marcou a saída conturbada de Rodrigo e a perda de espaço de Nenê. O novo técnico deu uma injeção de ânimo e confiança no time, que culminou com a conquista da Taça Rio. Mas uma nova derrota por 3 a 0 para o Flu logo na sequência, nas semifinais do Carioca, acabaram com o sonho do tri estadual. Restaria apenas o Brasileirão na temporada.
Torcida e São Januário como trunfos no início do Brasileiro
Logo na primeira rodada, o Cruz-Maltino sofreu uma goleada de 4 a 0 do Palmeiras e as desconfiaças do que a equipe poderia almejar no campeonato vieram à tona. Vitórias em casa sobre Bahia e Flu na sequência diminuíram a pressão e mostraram que São Januário seria um grande trunfo para o time. E assim o Vasco foi alternando vitórias em casa com maus resultados fora, o que fazia a equipe variar no meio da tabela, por vezes flertando com a zona da Libertadores.
Clima político esquentando e confusões em casa
Nesse meio tempo, o cenário político começava a esquentar. Um revés para o Corinthians e um apagão de refletores na vitória sobre o Avaí foram suficientes para provocar brigas entre grupos de torcedores de oposição e situação. O estopim das confusões em São Januário foi na derrota para o Fla no dia 8 de julho, pela 12ª rodada. As brigas, bombas e tentativas de invasão do gramado fizeram o estádio ser interditado e o clube perder seis mandos de campo.
Sem torcida, queda na tabela
Sem seus dois maiores trunfos, São Januário e torcida, o Vasco despencou na tabela. Foi o período mais difícil no Brasileiro. Nos seis jogos com portões fechados, o Cruz-Maltino venceu apenas um. Chegou a se aproximar da zona de rebaixamento, em 16º.
Chegada de Zé, volta da torcida e invencibilidade
A essa altura, Milton Mendes apresentava dificuldades para encontrar um time ideal. Deu espaço para a garotada, mas os resultados não vieram e decidiu voltar com os jogadores mais experientes. A pressão, no entanto, fez Eurico decidir por sua saída. O escolhido para substituí-lo foi Zé Ricardo, que vinha em baixa após ser demitido do Flamengo.
O novo técnico assumiu na 23ª rodada, com vitória sobre o Grêmio. Fora de campo, para evitar que o clima político pudesse voltar a atrapalhar, a diretoria decidiu mandar os jogos no Maracanã, o que deu mais tranquilidade ao time. Isso somado à confiança e ao equilíbrio trazido por Zé, a equipe emendou 11 jogos de invencibilidade e passou a brigar de vez por uma vaga na Libertadores.
Eleições polêmicas
No começo de novembro, porém, o extra-campo voltou a ser o foco, com as eleições. Eurico foi mais votado que Julio Brant, mas a vitória veio graças à diferença de votos da polêmica urna 7, o que fez o resultado final ir parar na justiça.
A vaga na Libertadores
Com o elenco blindado, a indefinição em torno das eleições não chegou a campo. E apesar do Vasco ter deixado escapar chances de entrar na zona da Libertadores com empates em casa na reta final, o triunfo na última rodada garantiu o 7º lugar no Brasileiro, que deu direito a uma vaga na fase pré-grupos da competição continental.
E como prova do crescimento vascaíno na segunda parte do campeonato, o Cruz-Maltino terminaria o ano com o título simbólico do 2º turno, não fosse um gol da Chapecoense no último minuto sobre o Coritiba.
O gol do Flamengo sobre o Vitória nos acréscimos tirou a vaga direta do Vasco na Libertadores. No entanto, o Vasco ainda pode terminar o ano com uma vaga para a fase de grupos. Para isso, teria que torcer para que o próprio Rubro-Negro seja campeão da Sul-Americana. Mas é bem provável que boa parte dos torcedores cruz-maltinos prefiram encarar a pré-Libertadores que ver o arquirrival levantar a taça.