Aos vinte minutos do segundo tempo, o jogo entre Flamengo e Vasco perdeu a importância.
A partir daquele momento tenso e triste, a própria rodada do Brasileiro ficou em segundo plano.
Os verdadeiros amantes do futebol, aqueles que prezam os valores do esporte, passaram a torcer por Ricardo Gomes, técnico vascaíno, que sofreu mais um AVC e, desde então, luta pela vida.
Ricardo foi um zagueiro clássico e campeoníssimo ganhou um título brasileiro, pelo Fluminense (além de um tricampeonato estadual, com a camisa tricolor); dois portugueses, pelo Benfica e um francês, pelo Paris Saint-Germain.
Como capitão da seleção, levantou também a Copa América de 1989, disputou o Mundial de 1990 e só não ganhou o tetra, com o Brasil, em 1994, porque sofreu uma contusão, no último amistoso antes da estréia, nos EUA, e acabou cortado era o zagueiro predileto de Carlos Alberto Parreira e seu autêntico representante em campo.
Como técnico, a partir de 1996 (ano em que aposentou as chuteiras), Gomes ainda não atingiu o padrão de excelência de seus tempos de atleta, mas o trabalho atual, em São Januário, vinha merecendo justos elogios e já o levara a uma conquista nacional importante a Copa do Brasil.
O que sempre me encantou em sua figura, entretanto, nem foram as qualidades do antigo jogador ou atual treinador, mas sua postura sempre digna e correta, que consegue ser firme, sem ser ditatorial; compreensível, sem ser paternalista, e educada e gentil, sem ser bajuladora.
Nestes tempos modernos, em que até cabeça-de- bagre tem assessor de imprensa e se considera celebridade, Ricardo Gomes é honrosa exceção.
Sempre atendeu diretamente os repórteres e por mais tensa que pudesse ser a situação, ou provocativa, a pergunta, nunca levantou a voz, perdeu a calma ou respondeu com um desaforo.
Dele, jamais se ouviu, tampouco, quaisquer rumores de ligações nebulosas com dirigentes, empresários ou agentes de jogadores.
Em suma: uma raridade nos dias de hoje.
Por tudo isso, apesar do execrável coro, de alguns boçais da torcida do Flamengo, no Engenhão, no momento em que ele era retirado do campo, numa ambulância (duvido que, agora, não sintam arrependimento e vergonha), há uma enorme corrente de pensamento positivo, orações e boas vibrações de torcedores de todos os times, em prol de sua total recuperação.
Ricardo Gomes é uma figura ímpar no nosso esporte.
Um exemplo que deveria ser seguido, dentro e fora das quatro linhas.
E fará uma falta enorme se não puder voltar a trabalhar normalmente.
O esporte brasileiro, em geral, e o futebol, em particular, precisam muito de gente da estirpe dele.
Caráter ilibado, infelizmente, anda em falta.
E como! Força, campeão!
POR POUCO.
Faltou muito pouco para o Vasco derrotar o Flamengo e acabar o turno com o mesmo número de pontos do líder Corinthians.
As várias defesas difíceis do goleiro Felipe e um erro do juiz (que deixou de dar pênalti de Leonardo Moura em Bernardo, no finalzinho da partida) impediram o triunfo da turma da Colina.
Com um jogador a menos, durante todo o segundo tempo, o Fla tem motivos para comemorar o empate.
Mas dos últimos 12 pontos disputados, o rubro-negro conquistou apenas três.
POR QUE?
Decididamente, não dá pra entender os motivos levam Vanderlei insistir com Wellington como titular.
Sua teimosia, neste caso, lembra uma outra recente, com o volante Fernando, que o técnico também custou a perceber que não tinha a menor condição de vestir a camisa do Fla.
No domingo, a colossal lambança do zagueiro (errando um passe primário na entrada da área e cometendo uma falta que causou sua expulsão) foi apenas mais uma num rosário impressionante de pixotadas que já tiraram vários pontos do clube da Gávea.
Até quando, Luxemburgo?
SUBINDO.
O Botafogo continua em franca ascensão. A distância para o líder é apenas de três pontos e Loco Abreu, Elkesson, Renato, Maicosuel e Cia. parecem bem mais embalados do que os adversários que estão à frente.
DESCENDO.
Já o Flu..
.
Abel ainda não achou o time, que despencou para a 11 colocação, a 12 pontos do líder.
Se a reação não começar logo, não vai dar pra brigar nem pela vaga na Libertadores.
TRISTEZA.
Primeiro foi Cláudio Mello e Souza, agora, Rodolfo Fernandes.
Que mês aziago! Sobre o último, faço questão de repetir aqui o que disse ao GLOBO, no sábado, dia de sua morte.
Rodolfo foi um jornalista brilhante, um companheiro querido e um cidadão exemplar.
A educação, a elegância e a competência eram suas marcas registradas e serão sempre lembradas com saudade por aqueles que, como eu, tiveram a felicidade de conviver com ele na redação e fora dela.
Um gentleman e um exemplo.
Desde os seus tempos de repórter até os de diretor.
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