O que era previsível se concretizou na Arena Fonte Nova. O Vasco apresentou a mesma passividade dos últimos jogos e conheceu sua quinta derrota consecutiva neste domingo: 1 a 0 para o Bahia. O cenário de crise instaurada em um time que sucumbiu, mais uma vez, na reta final do campeonato é mais um capítulo de uma lição aprendida pelo torcedor vascaíno: o fracasso pode sempre ser maior.
Há apenas três semanas, o clima era quase de lua de mel. Eram quatro vitórias consecutivas, e um discurso do próprio presidente no vestiário para "olhar para cima", por uma briga efetiva pela Copa Libertadores, competição que o Vasco não participa há sete temporadas. Em um tempo tão curto, as contas por um possível G-7, no entanto, deram lugar a outra que assombra o clube nos últimos anos: a luta contra a zona de rebaixamento.
E, pela primeira vez ao longo dessa sequência negativa no Campeonato Brasileiro, Fernando Diniz falou abertamente sobre a luta contra o Z-4 na entrevista coletiva e reconheceu a urgência para voltar logo a pontuar. Mais um ano de frustração para o torcedor, que olha, traumatizado e desconfiado, para a tabela de classificação. Não necessariamente pelo número de pontos, mas, sim, pela postura passiva e a queda vertiginosa do rendimento nas últimas rodadas.
Mas vale lembrar que esse não é a primeira frustração que a diretoria e o elenco entregam ao torcedor em 2025. Afinal, a queda vexaminosa na Copa Sul-Americana está aí para se lembrar. Um torneio que foi considerado a prioridade na temporada, com discurso de disputa por título, e que terminou com uma campanha recheada de tropeços, goleadas e capítulos vergonhosos dentro de campo.
Agora, da hipotética briga pelo G-7, o Vasco pode terminar a 35ª rodada a apenas três pontos da zona de rebaixamento, caso o Santos vença o Internacional nesta segunda-feira; e já fora da zona de classificação à Sul-Americana, se o Ceará pontuar contra o Mirassol, também nesta segunda.
O compromisso na Arena Fonte Nova reservava uma parada dura ao Vasco, contra um organizado e bem superior Bahia. Para além da má fase, o cenário tornava-se ainda mais complicado sem a presença de Philippe Coutinho, suspenso pelo terceiro cartão amarelo.
Fernando Diniz promoveu a entrada de Matheus França no time titular para a vaga no meio-campo e reforçou a proteção da frente da área com Hugo Moura, no lugar de Tchê Tchê. A estratégia não funcionou. O Bahia aproveitou um meio-campo muito mais técnico e intenso para construir um amplo domínio e empurrar o Vasco para trás desde o primeiro minuto. O time de Diniz tinha muita dificuldade para ter a posse de bola e, nas poucas vezes que a tinha, apresentava problemas para acelerar as jogadas.
A equipe também esbarrava numa atuação bastante abaixo de Matheus França, que seria justamente o responsável por promover a articulação no lugar de Coutinho. Pelo lado do Bahia, Everton Ribeiro desfilava no meio-campo, e os pontas Erick Pulga e Ademir levavam bastante perigo. Com a pressão intensificada, a vitória do time da casa já parecia questão de tempo, mas o placar de 0 a 0 persistiu até o intervalo.
Diniz reconheceu o problema com França, disparado o pior em campo na primeira etapa, e fez a modificação, com a entrada de David. Dessa maneira, Nuno foi deslocado para a faixa central para fazer a função de articulador. O Vasco até equilibrou um pouco mais o jogo na volta do intervalo, e o lado esquerdo chegou a funcionar em boa jogada, com passe de calcanhar de David para Nuno, que contou com furada de Rayan, aos 14 minutos.
Mas veio a expulsão de David, aos 22. E a estratégia de Diniz ruiu por completo. O Bahia, que já era melhor durante todo o confronto, impulsionou a pressão e foi para cima. Cinco minutos depois, o placar já estava aberto.
Diniz promoveu a entrada de Lucas Freitas no lugar de Nuno Moreira e implementou uma linha de três zagueiros, já prevendo uma pressão do time de Ceni a partir de jogadas aéreas, com o Vasco em bloco mais baixo. E o gol saiu justamente pelo alto, com uma falha de Paulo Henrique e Robert Renan, que não acompanharam o avanço de Erick Pulga. O atacante cabeceou sozinho por trás da zaga e venceu Léo Jardim.
Sem muitas perspectivas, o Vasco sucumbiu facilmente após o primeiro gol e foi presa fácil para o Bahia, que ainda contou com Santi Mingo expulso na reta final.
Agora, o Vasco volta a São Januário para o jogo da vida contra o Internacional, nesta sexta-feira. Os erros individuais e, principalmente, a postura coletiva colocaram o Z-4 novamente no retrovisor do time. O cenário de ebulição transforma o confronto em um duelo fundamental, não só para o reencontro com as vitórias, mas também para espantar o mais cedo possível o fantasma do rebaixamento.
Nesta sequência de derrotas, o torcedor viu, muitas vezes, os adversários com mais vontade de vencer do que o Vasco. E isso não pode acontecer mais uma vez.
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