Política

Opinião: Euriquistas "Normais" e Euriquistas "Degenerados" - A análise de um

EURIQUISTAS NORMAIS E EURIQUISTAS DEGENERADOS: A ANÁLISE DE UM FENÔMENO

Wevergton Brito Lima*

Corrijam-me se eu estiver errado, mas creio que é inédita na história do futebol brasileiro a existência de torcedores fanatizados não por um ídolo do esporte mas por um dirigente. É certo que já existiram dirigentes que foram tão marcantes à frente de seus clubes que seus nomes permanecem ligados eternamente àquela instituição. É o caso do folclórico Vicente Mateus no Corinthians, do Francisco Horta no Fluminense, etc.

Mas no caso do Eurico é diferente. Existem “torcedores” do Eurico, os chamados “euriquistas”. Eu mesmo conheço vários e para muitos deles o Vasco só é Vasco de verdade se o “Dr. Eurico” estiver à frente. Quem é ligado às coisas do Vasco sabe que existe um site, dedicado inteiramente à enaltecer a liderança do Eurico. Neste site, que mantém também um programa de Rádio dedicado ao “ídolo” e foi publicado um anúncio antológico. Era aniversário do “ídolo” e o anúncio dizia simplesmente o seguinte: “Enquanto Existir Eurico o Vasco será imortal”, corruptela da famosa frase “Enquanto existir um coração infantil, o Vasco será imortal”. Ou seja, reduziram a grandeza do Vasco à estatura de uma única pessoa que, quando morresse, levaria também para a tumba a imortalidade do Vasco. Em outra oportunidade esse site (que desde que Roberto Dinamite assumiu a presidência faz uma oposição histérica) depois de classificar como mera propaganda da diretoria o tão desejado patrocínio da Eletrobrás, assistiu o presidente da estatal confirmar o patrocínio. A reação dos euriquistas foi fulminante: “Dinheiro Público e Incompetência: a marca do novo Vasco”. Neste hilariante artigo, o ‘colunista’ diz que o patrocínio (um dos maiores do futebol brasileiro) é “mendicância” e reclama que “recursos públicos entram pela primeira vez na história do nosso Clube que, a partir de agora, sofrerá intervenções a todo o momento” (e ainda esquecendo-se, de que em 2003, o ‘dinheiro público’, oriundo da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, entraria no Clube, fruto de uma divulgação de um brazão da mesma, em substituição ao logo do PAN-2007, nessa sim, em uma autêntica ação de ‘mendicância’ e que foi tratada de uma forma de tal nível de incompetência, que tais recursos jamais adentraram aos cofres do Vasco, em um autêntico ‘mico’ da Gestão Eurico Presidente, que entrou para (mais um) História do Vasco, e disso, o ‘colunista’ capacho, não quis mencionar). E esse tipo de fanatismo gerou o que eu chamo de “vascaíno degenerado”. Antes de analisar este caso específico de degeneração é preciso esclarecer duas coisas. Em primeiro lugar embora esse fenômeno (o “euriquismo”) exista e seja singular ele hoje é totalmente minoritário entre a torcida. Mas como persiste e tem seguidores merece ser analisado. Em segundo lugar, nem todo euriquista é degenerado. Os euriquistas normais se dividem em dois tipos: os distantes e os convictos. O distante é aquele que acompanha de longe a vida interna do Vasco e simpatiza com Eurico porque ele afronta a mídia, que historicamente sempre foi tendenciosa contra o Vasco, e “defende o Vasco”, mas não é de sustentar o debate em defesa do Eurico, sendo que muitos dizem até que, apesar de manter a admiração pelo ex-presidente, “já era hora dele sair”. O outro também gosta do Eurico pelos mesmos motivos, mas procura se informar sobre a política interna do Clube, defende o ex-presidente com vigor, algumas vezes é até mesmo sócio e participa da vida política do Clube.

No entanto ambos são, antes de tudo, Vasco. Se o Vasco estiver bem eles vão ficar tão contentes que seu “euriquismo” com o tempo irá se esmaecendo. Já os euriquistas degenerados não. O Eurico virou, para essa gente, um time. Do que adianta o Vasco ganhar se Eurico está fora? Os euriquistas degenerados são de três tipos:

O EURIQUISTA IDEOLÓGICO – É aquele sujeito que a partir de algumas premissas verdadeiras tira conclusões absurdas. Se Eurico foi contra o Clube empresa – e de fato foi, é um mérito inegável dele - Eurico representa então o bastião da resistência contra a privatização do Vasco. Esquecem que Eurico privatizou o Vasco de outra forma, agindo como um senhor feudal onde sua vontade era lei dentro do Clube, inclusive com, digamos, muito pouco cuidado ao gerir as finanças do Vasco, para dizer o mínimo. Se a imprensa manipula e distorce em favor do Flamengo – o que sem dúvida também é verdade – Eurico é o herói que enfrenta tudo isso. Esquecem que Eurico, com sua truculência e arrogância costumeiras, facilitou muito o trabalho da imprensa rubro-negra que facilmente usou da figura do Eurico para estigmatizar o Vasco como um time antipático e que ganhava os jogos no tapetão, duas evidentes mentiras que no entanto ganharam corpo na era Eurico. Não importa, para os Euriquistas Ideológicos, todos os que criticam Eurico, eu inclusive, estão a serviço da privatização do Vasco e da provável entrega do Clube para o Renato Maurício Prado, entre outras sandices.

O EURIQUISTA FISIOLÓGICO – O mais numeroso e ativo grupo de euriquistas degenerados. Sua fidelidade ao chefe foi forjada por privilégios e benesses de todo o tipo, que Eurico distribuía com facilidade para cativar seguidores. Algumas vezes as benesses nem eram de ordem material. Por exemplo, alguns ficaram eternamente agradecidos por terem recebido títulos de beneméritos, quando a única benemerência que fizeram foi puxar com ardor o saco do então presidente revelando grande vocação como capachos, sendo, em termos de serviços prestados ao Clube, completas nulidades, que só têm esperança de alguma relevância se o saco que puxam voltar a ter papel preponderante.

O EURIQUISTA PATOLÓGICO – Quem frequenta São Januário conhece as peças. Choram e babam quando é para defender o chefe, e atenção, não estou fazendo figura de linguagem, já vi isso acontecer. Me arriscando a fazer psicologia de botequim diria que são pessoas que sofreram com a falta da presença paterna na infância e por conta disso sofrem carências afetivas crônicas ou mesmo disfunções sexuais, e projetam no Eurico o pai ausente ou, pior ainda, têm sonhos eróticos com charutos e suspensórios.

É claro que essa caracterização não é rígida. As vezes o cara começou como euriquista ideológico e passou com o tempo para o euriquismo fisiológico. Ou era ideológico e passou a patológico. Não creio que esse tipo de vascaíno degenerado tenha salvação, embora o euriquista ideológico possa, com o tempo, ir afastando seus temores. O caso do euriquismo patológico exigiria tratamento médico. Quanto ao euriquista fisiológico, à medida que a caravela for singrando os mares e reencontrando sua vocação para conquistas, o natural é que eles retornem à escuridão do anonimato a que suas medíocres personalidades estavam acostumadas.

* Jornalista, 43 anos, sócio do Vasco

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