Futebol

Os capítulos da frustrante volta do Vasco à Sul-Americana.

O Vasco deu, enfim, o adeus definitivo à Copa Sul-Americana nesta terça-feira após o empate em 1 a 1 com o Independiente del Valle. No entanto, o encontro entre as equipes parecia ter um caráter praticamente protocolar, após a goleada de 4 a 0 feita pelo time equatoriano no jogo de ida dos playoffs, em Quito.

Com o placar a agregado de 5 a 1, o Vasco se despediu da competição sob vaias da arquibancada e xingamentos ao presidente Pedrinho. Um choque de realidade em relação ao projetado no início do ano.

O clube voltou a disputar uma competição internacional depois de cinco anos e tratou como prioridade para 2025. A direção de Pedrinho priorizou a Sul-Americana por considerar que era a competição em que o Vasco teria mais chances de título na temporada. Essa possibilidade serviu como argumento em negociações com treinadores, como nas conversas com Renato Gaúcho, no início do ano, e com Fernando Diniz, em maio. Havia ainda a promessa de reforçar o elenco para estar à altura do desafio — o que também não foi cumprido.

A realidade, no fim das contas, trouxe um roteiro amargo ao torcedor vascaíno, que viu a equipe colecionar tropeços, dois vexames fora de casa e a eliminação bem mais precoce do que se imaginava. O ge relembra abaixo os capítulos da frustrante volta do Vasco à Sul-Americana.

O projeto

A volta do Vasco à Sul-Americana era tratada com expectativa. Não só entre torcedores, mas também em conversas internas. Em um primeiro momento, a competição foi usada, por exemplo, como trunfo para buscar a renovação contratual de Payet, com o projeto "Sul-Americana" e ambição pelo título.

O departamento via o torneio internacional como a competição mais acessível e entendia-se internamente que seria importante ter Coutinho e Payet até o fim do ano. Posteriormente, as conversas entre as partes esfriaram, e o francês rescindiu com o clube, no início de junho.

A confiança na conquista da Sul-Americana também foi usada nas tratativas para renovar os contratos de Vegetti, Léo Jardim, Rayan e Coutinho.

Titulares poupados no Brasileiro

Ainda sob comando de Fábio Carille, o clube iniciou a competição com uma expectativa alta e a tinha como prioridade para 2025. Tanto que o treinador escolheu levar os titulares para a estreia no Grupo G contra o Melgar, no Peru, e dias depois poupou oito dos 11 titulares contra o Corinthians, pelo Brasileirão, na Neo Química Arena. Os dois resultados não foram positivos: um 3 a 3 frustrante contra o time peruano, e uma derrota acachapante por 3 a 0, em São Paulo.

Em entrevista coletiva após o revés em São Paulo, o próprio treinador assumiu a escolha pela escalação e afirmou que "em algum momento teria que poupar". A escolha por preservar no Brasileirão dava mais um recado sobre a importância da Sul-Americana no planejamento do Vasco.

Além do Melgar, o Grupo G contava com Lanús e Puerto Cabello. A avaliação era de que os três adversário tinham um nível técnico abaixo do Vasco. O time argentino era quem poderia dar mais trabalho e poderia disputar a liderança - e assim se deu. O Lanús terminou no primeiro lugar.

O Vasco atuou com os jogadores considerados titulares em todas as oito partidas da competição: as seis da fase de grupos e as duas dos playoffs.

Três técnicos à beira do campo

Fábio Carille iniciou a campanha vascaína na competição. Um capítulo importante - e frustrante - no torneio teve papel decisivo no descontentamento da diretoria, que culminou posteriormente com a queda do treinador. Na estreia do time, o Vasco vencia o Melgar por 3 a 1 até os minutos finais, mas cedeu o empate com erros coletivos e duas jogadas de bola aérea.

O técnico esteve à frente do Vasco nos três primeiros jogos da fase de grupos: Melgar (3 a 3), Puerto Cabello (1 a 0) e Lanús (0 a 0). Carille foi demitido no fim de abril, após derrota para o Cruzeiro no Brasileiro, e atualmente comanda o Vitória.

Depois, Felipe Loureiro assumiu o posto de forma interina e participou de um dos capítulos mais vexatórios do Vasco no século: a goleada por 4 a 1 para o Puerto Cabello, na Venezuela.

Por fim, Fernando Diniz estreou no comando justamente na Sul-Americana, contra o Lanús, na Argentina. A derrota por 1 a 0 terminou com as chances matemáticas do Vasco de terminar a primeira fase na liderança. Na última rodada, veio a melhor exibição do time na competição: 3 a 0 contra o Melgar, que garantiu uma vaga aos playoffs como vice-líder do Grupo G.

Os vexames fora de casa

As goleadas sofridas merecem um capítulo à parte.

A primeira aconteceu sob comando de Felipe Loureiro, na Venezuela, contra o modestíssimo Puerto Cabello, e entrou para lista de partidas mais vexatórias na história do Vasco. A equipe foi dominada do início ao fim pelos venezuelanos e voltou para a casa com acachapante 4 a 1 na mala.

Com o time todo titular - e Vegetti e Coutinho descansados por terem sido poupados no jogo anterior contra o Palmeiras -, o Vasco não impôs resistência alguma, acumulou falhas individuais e coletivas e viu a defesa ser vazada três vezes nos primeiros 20 minutos da segunda etapa. Na entrevista coletiva, o atual diretor técnico atribuiu a culpa apenas aos jogadores e disse 13 vezes a expressão "erros individuais" e 12 vezes a palavra "atitude".

Depois da derrota para o Puerto Cabello, veio uma sequência ruim no Brasileirão. O ge apurou que após o vexame na Venezuela, a direção de Pedrinho iria fazer uma reformulação no organograma do futebol. O diretor Marcelo Sant'anna foi demitido, e Felipe teria um papel menos importante nas decisões. O diretor técnico, no entanto, seguiu exercendo o mesmo cargo. Admar Lopes foi contratado para ser o novo diretor esportivo do Vasco, depois de uma busca sem sucesso por Rodrigo Caetano.

A segunda vergonha na Sul-Americana ocorreu em Quito contra o próprio Independiente del Valle, e foi o motivo para o jogo apenas protocolar entre os times em São Januário, nesta terça-feira. O Vasco viu Lucas Piton ser expulso com apenas 11 minutos e foi engolido pelos donos da casa durante o restante da partida.

Foram incríveis 17 finalizações do Del Valle na primeira etapa, que terminou com 1 a 0 para os equatorianos. O time de Fernando Diniz apenas se defendeu. Os nove jogadores de linha posicionaram-se na frente da área, com Vegetti plantado da intermediária para trás.

Com cinco minutos da etapa final, porém, o placar já estava 3 a 0 e uma coleção de erros defensivos do Vasco, em sequência. O Del Valle ainda marcaria o quarto gol, com Claudio Spinelli, teria um gol anulado e uma cobrança de pênalti defendida.

A despedida em São Januário

O último capítulo da trajetória do Vasco reservaria mais uma decepção ao torcedor, que não conseguiria ter o alento de pelo menos uma vitória em São Januário.

Mesmo com o apoio e cantos de "time da virada", o time comandado por Fernando Diniz empilhou boas chances para abrir o placar logo cedo, mas não foi eficiente e viu o Del Valle marcar com Claudio Spinelli para ter incríveis cinco gols de vantagem ainda na primeira etapa.

O time desceu para o vestiário com uma ressoante vaia e xingamentos contra o presidente Pedrinho. O segundo tempo foi marcado por protestos dos torcedores, que chegaram a ficar de costas para o campo nos primeiros minutos de jogo. O Vasco ainda chegaria ao empate, com Vegetti, de cabeça, mas o placar agregado terminaria com mais um choque de realidade: 5 a 1 para os equatorianos.

Agora, o time volta as atenções ao Brasileirão, competição que deveria ser a prioridade da direção desde o início do ano. Depois de 14 rodadas, a equipe já está na briga contra o rebaixamento, com apenas 14 pontos somados e com um pé no Z-4.

Fonte: ge
  • Terça-feira, 22/07/2025 às 21h30
    Vasco Vasco 1
    Independiente del Valle Independiente del Valle 1
    Copa Sul-Americana São Januário
  • Domingo, 27/07/2025 às 18h30
    Vasco Vasco
    Internacional Internacional
    Campeonato Brasileiro - Série A Beira Rio
  • Quarta-feira, 30/07/2025 às 19h00
    Vasco Vasco
    CSA CSA
    Copa do Brasil Rei Pelé
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Pablo Vegetti 20
Jogos
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