De todos os que, no Vasco, têm se empenhado em recuperar Valdiram para o futebol, quem dá mais sinais de impaciência com ele é o técnico Renato Gaúcho.
- Tenho um coração grande. Mas será só estalar os dedos e Valdiram estará fora. O que vai acontecer daqui para a frente é com o jogador. Não posso é treinar por ele, chegar na hora certa por ele, nem tomar conta da vida dele fora de campo. Não tenho tempo nem para a minha filha. Em São Januário, eu controlo. Lá fora, não - diz Renato.
Além de afirmar que Valdiram terá chance real de reconquistar a sua confiança, o técnico afirma que ele não teria as mesmas chances que em São Januário se estivesse em outro clube.
- O presidente fez por Valdiram o que os pais dele não tiveram condições de fazer. Botou-o em uma escola particular, para ele aprender a ler e a escrever, deu-lhe um bom salário e pagou um apartamento para ele morar no Rio com a família. Mas o jogador precisa decidir o que quer da vida. Tudo tem limites e uma hora a paciência se esgota.
Depois de ser \"salvo\" pelo presidente do Vasco, Eurico Miranda, após a final da Copa do Brasil - o técnico Renato Gaúcho queria dispensá-lo - o atacante Valdiram tenta um último \"sprint\" para conseguir brilhar no futebol. Ele garante que largou as noitadas e o fato de estar sozinho (está separado da mulher, que vive com a filha do jogador) o fez repensar a sua vida.
- Estou com outra cabeça. A diretoria, o treinador e os meus companheiros têm sido importantes, me dando conselhos e me mostrando qual é o caminho melhor que devo seguir fora do campo - diz Valdiram, que não gosta de lembrar os problemas disciplinares que protagonizou em São Januário.
Inscrito na Copa Sul-Americana com a camisa 21, Valdiram sabe que, além de ser mais profissional, ele precisa reencontrar seu futebol. As faltas ao trabalho e as seguidas lesões têm feito com que Valdiram não consiga atuar bem nem mesmo nos coletivos.
- Estou sem ritmo, somando aí os últimos problemas, devo ter ficado uns 15 dias parado nos últimos dois meses. Eu sei jogar futebol, e quem sabe não pode nunca esquecer. Se eu me cuidar, tenho certeza de que aquele jogador que foi o artilheiro do time na Copa do Brasil vai reaparecer.