Futebol

Presidente da República volta a defender o retorno do futebol

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender a retomada do futebol no Brasil. Em entrevista à Rádio Guaíba, de Porto Alegre, nesta quinta-feira, o presidente justificou a sua posição ao afirmar que, por serem jovens e terem boas condições físicas, os jogadores profissionais têm risco pequeno de morrer caso sejam infectados pelo novo coronavírus.
 

Ao externar a posição, o presidente não citou nenhum estudo científico ou embasamento médico. Mas relatou que, embora não tenha o poder de determinar a liberação de treinos e jogos, o Ministério da Saúde e a Anvisa devem emitir parecer favorável para as atividades serem retomadas sem torcida. Bolsonaro confirmou ter conversado com Renato Gaúcho, técnico do Grêmio, com Rogério Cabloco, presidente da CBF, e com Walter Feldman, secretário-geral da CBF (veja a posição deles abaixo).

- No momento, existe já muita gente que entende, que está no meio futebolístico, que é favorável à volta porque o desemprego está batendo à porta dos clubes também. Com essa idade jovem, o jogador, ele dificilmente, caso ele seja acometido do vírus, a chance de ele partir para a letalidade é infinitamente pequena. Até pelo estado físico, pela higidez que tem esse atleta. Agora, eles têm que sobreviver – disse Bolsonaro, para completar em seguida:

- Muitas vezes a gente tem o pensamento que o jogador, que todo mundo ganha horrores. Não, a maior parte não ganha bem e precisa do futebol para sustentar sua família. Estão passando necessidade. Não sou eu que vou abrir ou não o futebol, mas já conversei com o ministro da Saúde e dar um parecer um nesse sentido, para que o futebol volte sem torcida. Então, da nossa parte, esse parecer deve ser feito, como acertado com o ministro Nelson Teich e como parece que também a Anvisa vai dar um parecer nesse sentido.
 

Em março, depois das medidas de isolamento social adotadas por governadores e prefeitos, treinos e competições foram suspensas e os clubes deram férias coletivas a jogadores e funcionários, que se encerram ao final de abril. Médicos elaboraram, em conjunto com federações e CBF, um protocolo a ser seguido quando houver a liberação para o retorno das atividades. Na entrevista, Bolsonaro disse que a posição do treinador do Grêmio é de respeitar o receio dos jogadores com o risco de contaminação.

- Sim, algumas vezes eu liguei para o Renato Gaúcho para exatamente ter informações dele do que pensa o atleta no tocante a voltar o futebol ou não. Como também tenho conversado, já falei algumas vezes, com o senhor Caboclo e o Feldman, da CBF. A decisão de voltar o futebol não é minha, não é do presidente da República. Mas nós podemos colaborar. Desde lá de trás, quando conversei com o Renato Gaúcho a primeira vez, eu falei: ‘Renato, por mim volta’. Ele falou ‘mas há um sentimento entre os jogadores de que não pode voltar agora’, porque o povo estava apavorado. Ainda está apavorado – contou Bolsonaro, para continuar:

- Fizeram uma campanha enorme de terror junto à população no tocante ao vírus, como se nós pudéssemos ficar livre do vírus, como se o vírus fosse matar todo mundo. Esse vírus é letal para quem tem comorbidade e para quem tem idade avançada. Esse tem que ter um cuidado todo especial. Quanto aos jogadores, até falei para o Renato na época, e com o estádio fechado, ele falou ‘presidente, a questão é dos jogadores’. Então, a gente respeita, até porque não sou eu que vou abrir ou não o futebol.

A infectologista Tânia Vergara, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, considerou ser arriscada a retomada do futebol em momento que a pandemia não está controlada no país - são mais de 5 mil mortos, segundo o Ministério da Saúde. Mesmo que os treinos sigam recomendações de evitar o contato entre pessoas, ela alertou que há, sim, risco de contaminação.

- O jogador pode estar assintomático, fazer o teste, dar negativo e ter o vírus. Há estudos ainda que comprovam que, quando uma pessoa corre ou faz exercício físicos, as gotículas ficam mais tempo no ar, ou seja, contamina o ar. Em jogos, haverá contato físico seja em disputa ou em comemoração de gols. Não consigo entender como tornar esse esporte seguro ainda mais no Brasil, onde não temos testes em massa, e em um contexto no qual ainda estudamos a doença - explicou.

Questionada se atletas têm menos risco de morrer em caso de contaminação, a médica disse não haver nenhum estudo científico que assegure essa premissa. Reconheceu, porém, que jovens e pessoas saudáveis têm um sistema imunológico mais forte.

- Você nasce e morre com o sistema imunológico mais fraco. Entre os 12 a 40 anos, o ser humano tem mais defesas. Mais ainda se leva uma vida saudável. Agora, não há nenhuma garantia de que não há risco de morte - concluiu.
 

Não foi a primeira vez que Bolsonaro defendeu a volta do calendário do futebol. Já tinha se posicionado assim em entrevistas recentes, como na última segunda-feira em Brasília. Também não foi a primeira vez que o presidente mencionou uma suposta blindagem que atletas possuem contra a doença. Em pronunciamento em rede nacional no dia 24 de março, afirmou, que, por ter "histórico de atleta", "nada sentiria" se contraísse o novo coronavírus ou teria no máximo uma “gripezinha ou resfriadinho”.

A opinião de Bolsonaro contrasta com o relato de atletas que revelaram ter sido contaminados pela Covid-19. Recentemente, Leandrinho, ala-armador do Minas e ex-jogador da seleção de basquete, disse que “sentiu que ia morrer”.

Posição semelhante a do ex-jogador Raí, atual diretor executivo do São Paulo, se posicionou contrário ao retorno do futebol em recente entrevista ao GloboEsporte.com.

– É bom deixar claro e reforçar que a posição do São Paulo não é voltar rápido. É voltar ao seu tempo, com as orientações, e gradativamente, começando obviamente o treino sem uma data certa de quando o campeonato vai retornar – disse o dirigente.

Caso libere a volta do futebol, o Brasil se igualaria a países como Belarus, no Turcomenistão e na Nicarágua, todos com regimes autoritários. Lá, a bola não parou. Situação diferente da França, por exemplo. Nesta quinta, a Liga de Futebol Profissional da França (LFP) formalizou o título do PSG pois o campeonato não será retomado após a paralisação ocorrida em 8 de março. A Argentina havia anunciado o fim da temporada na segunda. Já a Coreia do Sul, após diminuir a curva de contágio, terá o retorno do campeonato nacional em 8 de maio. Itália, Alemanha, Espanha, Inglaterra, Portugal ainda não definiram o que será feito assim como a UEFA no que diz respeito a competições europeias e a Conmebol em relação às sul-americanas.


O que diz Renato Gaúcho

Procurada pelo GloboEsporte.com, a assessoria de imprensa de Renato Gaúcho confirmou que o treinador mantém conversas com o presidente Bolsonaro.

- Eu falo com ele (Bolsonaro) sempre, uma vez por semana ele me liga. Para falar de várias coisas – disse Renato.

O GloboEsporte.com ainda tenta uma posição do técnico sobre a retomada do futebol.


O que diz o Ministério da Saúde

Consultada, a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde emitiu o seguinte comunicado:

- Esta pauta está sob análise do Ministro e sua equipe técnica.

O que diz a CBF

Na terça-feira, a CBF divulgou uma nota oficial sobre uma reunião feita por videoconferência com as 27 federações estaduais. A posição foi de retomada do futebol “assim que possível fazê-lo com garantia de segurança e saúde para todos os envolvidos.”

- O compromisso das entidades é construir um calendário e protocolos para a retomada gradual das competições, a começar pelos campeonatos estaduais, ainda sem data definida. Ficou assegurada a autonomia das Federações Estaduais na condução dessas medidas junto às autoridades de saúde, respeitando as características e o momento vivido por cada Estado em relação à pandemia. O primeiro passo será a retomada dos treinamentos por parte dos clubes, o que poderá ocorrer a partir do momento em que se encerrarem as férias coletivas dos atletas – diz trecho da nota oficial.

Nesta quinta-feira, a CBF enviou o protocolo ao governo federal. Ainda não houve uma resposta.

Fonte: (ge)
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