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Ricardo Rocha: "Era muito bom ser jogador do Eurico Miranda"

Nunca tive problema nenhum com Eurico, sempre fomos muito amigos. Eu gostava de puxar papo com ele, adorava tirar ele do sério. Quando ele me chamou para o Vasco, em 1994, falou com meu empresário, Juan Figer, e comigo. Era um interesse antigo dele por mim. Eu já o conhecia da seleção brasileira, porque ele tinha sido chefe de delegação.

Era muito bom ser jogador dele. O que eu achava interessante nele é que muitas vezes ele poderia ter um time fraco, mas ele não passava isso para os jogadores do Vasco. Para ele o Vasco era sempre o maior, e os jogadores do Vasco eram sempre os melhores, mesmo quando a gente não era. Na minha época, era muita garotada: tinha o Yan, o Gian, o Alex Pinho, o Bruno Carvalho, o Dener, o Pimentel... era bom sentir aquela confiança dele com a gente, e eu acho que isso é o melhor que dá para extrair dele como dirigente.

Como Eurico Miranda entrará para a história do Vasco?

Tudo com o Eurico era muito direto. Eu me lembro que, quando a gente ganhava um jogo no domingo, ele chegava na segunda-feira com o dinheiro num saquinho. Aí ele chamava a mim, que era o capitão e o Isaías Tinoco, ou o Dante Rocha, que eram os supervisores da época. Ele ia pagando um por um. Aí aparecia um funcionário para varrer a sala, ele brincava: "Olha esse daí; não dá um chute, varre mal pra caramba e eu ainda vou dar um dinheiro para ele..."

Mas também teve a vez em que ele estava devendo um prêmio para nós. Ele veio com um papo de que "eu devo, mas não devo".

 

ainda vou dar um dinheiro para ele..."

Mas também teve a vez em que ele estava devendo um prêmio para nós. Ele veio com um papo de que "eu devo, mas não devo".

Ô doutor, que história é essa? - perguntei.

Eu devo, mas não devo. Se eu te devo o dinheiro, mas não tenho, então eu não devo. Se eu tivesse, aí sim eu te devia.

Esse era o Eurico. Que conhecia como ninguém os regulamentos. Um dirigente amigo meu certa vez foi para uma reunião arbitral, em que todo mundo ficava discutindo como ia ser a fórmula do campeonato, aí todo mundo debatendo e ele calado, escutando. Até a hora em que ele jogou o regulamento sobre a mesa e apontou: "Olha isso aqui. O regulamento é ESSE."

 

Ele tinha sua maneira de ser, que combinava com ele, mas também meteu os pés pelas mãos às vezes. À época do Nations Bank, quando entrou um dinheiro forte do Vasco, ele gastou mais do que podia, contratava gente de todas as modalidades, queria fazer o basquete do vasco grande. Alguém tinha que ter segurando a mão dele e dito, calma doutor, vamos contratar só uns três.

Esse era o Eurico. A quem um dia eu perguntei quem tinha jogado mais, eu ou o Mauro Galvão. Aí ele baixou o charuto, me olhou e respondeu: "Vc é bom jogador, mas o Mauro jogou mais do que vc".

Ricardo Rocha foi zagueiro e capitão do Vasco de 1994 a 1996.


 

Fonte: Globo Online
  • Domingo, 17/03/2024 às 16h00
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