A vitória do Juventude sobre o Vasco, sábado, em São Januário, deu sobrevida ao Papo na briga contra o rebaixamento e pode ainda ter marcado o último confronto do meia Nenê contra o ex-clube.
Autor do gol da virada da equipe alviverde, o jogador de 44 anos tem contrato até o final da temporada e futuro em aberto no futebol em 2026, no qual a aposentadoria dos gramados não é descartada.
Na entrevista pós-jogo, o técnico Thiago Carpini revelou ter conversado com Nenê sobre a possível despedida de São Januário e aconselhado o atleta a tratar a partida como se fosse a primeira da carreira.
– Eu dei um abraço nele no vestiário e falei, talvez você não tenha a oportunidade de voltar a São Januário, jogar uma Série A contra o Vasco de novo, com toda a história que você teve aqui. Talvez essa tenha sido a sua última passagem como atleta por São Januário, dentro do gramado. Então, lembra quando você começou no Paulista de Jundiaí e quando você não tinha conquistado tudo o que você conquistou e trate essa última oportunidade como o início da sua carreira, porque talvez você não volte aqui – contou Carpini.
O treinador, contudo, não atribuiu a atuação e o gol marcado por Nenê às palavras do vestiário. Na saída da Colina, o meia admitiu que o fato de pisar em São Januário, onde foi ídolo, bem como a conversa com o treinador mexeram com ele.
– Eu fiquei bem reflexivo, na hora que começa o jogo você acaba esquecendo um pouco, mas eu fiquei pensando bastante, passa um filme na cabeça, tantos anos e a maior parte da minha carreira no Brasil foi aqui. Fui muito feliz em muitos momentos – afirmou Nenê.
O meia está na terceira temporada com a camisa alviverde, mas nunca escondeu o carinho pelo Vasco, responsável por trazê-lo de volta ao Brasil, em 2015, após 12 temporadas no exterior.
Em respeito ao ex-clube, Nenê não comemorou o gol no São Januário e fez questão de atender aos torcedores ao final da partida.
– Eu não tenho nem palavras para agradecer o carinho da torcida. É difícil você vir aqui quando vai jogar contra e ter esse respeito de uma forma tão grande. Claro que depois a gente está fazendo o nosso trabalho e eles (vascaínos) ficaram um pouquinho chateados, mas faz parte, era um resultado muito importante para a gente, pois era a nossa vida ali – comentou Nenê, que também marcou gol na vitória jaconera contra o ex-clube no primeiro turno, em Caxias do Sul.
Trabalho com Carpini
Após a chegada de Thiago Carpini ao Juventude em agosto para substituir Claudio Tencati, Nenê recuperou espaço e voltou a ser protagonista no elenco alviverde. Treinador e jogador trabalham juntos pela segunda vez, a primeira foi em 2023, na campanha do acesso do Juventude à Série A. Nenê foi o artilheiro da equipe no Brasileirão daquele ano, com sete gols.
– O Carpini sempre foi um cara que confiou no meu trabalho, sabe que todo mundo está fazendo o trabalho da melhor maneira. Ele disse que eu tinha que estar tranquilo, confiante e que, se eu cumprisse as funções que ele estava pedindo com a bola, podia fazer o que eu sei fazer de melhor, e graças a Deus deu tudo certo – contou Nenê.
Na segunda passagem de Carpini por Caxias do Sul, Nenê entrou em 13 das 17 partidas. Foi titular nos últimos três jogos deste Brasileirão, algo que ainda não tinha ocorrido na temporada, com média de 68 minutos em campo. A idade avançada nunca foi um problema para o técnico.
– Quando eu retornei, o Nenê estava um pouco fora do contexto. Não sei o que aconteceu, também não é problema meu. Mas, a partir do momento em que eu cheguei, trouxe ele de novo para o processo. Então, se ele tiver 50 anos fazendo gol e dando assistência, como eu não vou querer os melhores com capacidade de resolver jogo jogando? – questionou Carpini.
Pelo Papo, Nenê soma 93 partidas – considerando o amistoso contra o Boca Juniors, em janeiro – e 13 gols. Com o marcado em São Januário, o camisa 10 quebrou a própria marca de jogador mais experiente a balançar as redes na Série A, agora aos 44 anos, três meses e 20 dias.
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