Roberto Assaf comenta Vasco x Botafogo

O Maracanã andava com muitas saudades do futebol. Tanto que na sua reabertura, após nove longos meses, o Botafogo venceu o Vasco por 5 a 3 numa partida de prender o fôlego, absolutamente repleta de emoções, pouco recomendável para os cardíacos, com dois vira-viras, uma trifeta de Romário, a atuação destacada de Lúcio Flávio no segundo tempo - marcou um e deu passes para outros três - e o início feliz de carreira de Felipe Adão, que mostrou o faro do papai-artilheiro Cláudio: entrou e balançou as redes.
Aliás, faça-se justiça também ao desempenho de William de Souza Nery, numa época em que os árbitros sofrem tantas críticas. Mesmo que o Vasco tenha criado pelo menos três chances, uma com Alex Dias, duas com Romário, todas obrigando Max a fazer boas defesas, o Botafogo foi muito superior em todo o primeiro tempo, chegando ao ataque com facilidade.

Logo no começo, Zé Roberto, o melhor em campo na etapa inicial, tirou Éder da jogada e bateu de esquerda, abrindo o placar. Pressionado, o Vasco errava com freqüência na saída, e mostrava dificuldade para marcar, e não é exagero afirmar que o Botafogo poderia ter saído com vantagem, levando-se também em conta que Ygor foi expulso aos 37 minutos, após derrubar Tiago Xavier por trás.

No intervalo, Renato Gaúcho trocou Fábio Baiano, que não dava seqüência a nenhuma jogada, pela disposição de Abedi, para compensar a ausência de Ygor. E a ducha no vestiário parece ter esfriado o Botafogo, que voltou apático o suficiente para permitir o empate do Vasco: Diguinho entregou de cabeça para Alex Dias cruzar no pé de Romário, enquanto Asprilla, perdidão, limitouse a olhar a bola beijando a rede.

O Botafogo até esboçou uma reação, mas Tiago Xavier fez falta violenta e desnecessária em Morais e foi expulso, deixando que o Vasco crescesse, virando para 2 a 1. Asprilla tocou na bola após conclusão de Romário, que cobrou o pênalti com perfeição.

Mas numa outra penalidade ridícula, de Wagner Diniz em Bill, Lúcio Flávio pôs o 2 a 2 no placar, para dois minutos apanhar uma péssima saída de Roberto e cruzar na cabeça de Reinaldo, que fez 3 a 2.

Mas não deu para o torcedor respirar. Na seqüência, Alex Dias cruzou rasteiro para Romário meter 3 a 3.

Quem imaginou que a festa tivesse chegado ao fim, enganou-se.

Ruy tabelou com Lúcio Flávio, recebeu na frente e chutou cruzado, estabelecendo o 4 a 3.

Logo os treinadores passaram a fazer substituições, tal o esgotamento dos jogadores, sob o calor de quase 40 graus, e o Botafogo mostrou que tinha fôlego de sobra, segurando o resultado, e mais, chegando ao quinto e derradeiro gol, na única vez em que Felipe Adão tocou na bola.

Viva o Maracanã! Viva o futebol carioca!