Saída da contratação mais cara da 777 simboliza erros das janelas em 2024

João Victor foi a primeira contratação da gestão de Alexandre Mattos no Vasco. O zagueiro representou um recado para o mercado e para a torcida, que alimentava a esperança de um 2024 com investimentos pesados no futebol. Um ano e meio depois, os quase R$ 130 milhões - R$ 129,9 milhões - gastos em nove jogadores evidenciam o fracasso da primeira janela do ano passado, sob a gestão da 777, simbolizado pela saída, pela porta dos fundos, da contratação mais cara da SAF vascaína.

Só com as chegadas de João Victor, Adson, Sforza e Clayton Silva, o Vasco investiu mais de R$ 100 milhões. Nenhum desses reforços se consolidou como titular absoluto da equipe em mais de um ano. David, que retornou recentemente de uma lesão que o afastou por nove meses, foi quem mais se firmou e fez jus ao valor investido — cerca de R$ 16 milhões.

Dos nove jogadores contratados por Alexandre Mattos no Vasco, somente Adson, Sforza, David e Victor Luís ainda estão no clube.

Jogadores contratados por Alexandre Mattos no Vasco (valores aproximados)

Adson sofreu para se adaptar no primeiro ano e, quando começou a se destacar, fraturou a tíbia. Na volta aos gramados, em 2025, teve dificuldades e voltou a sofrer a mesma lesão. Sforza, por sua vez, não faz parte dos planos e sequer é relacionado. Victor Luís tornou-se a última opção no banco de reservas.

Assim como João Victor, Clayton Silva, Galdames, Rojas e Keiller já deixaram o clube — sem deixar saudades, é verdade.

O Vasco já sofreu dois transfer bans por contratações realizadas nesse período. Em maio, o Nantes, da França, acionou a Fifa cobrando a dívida pela compra de Adson. Em julho, foi a vez do Newell's Old Boys, da Argentina, exigir os valores devidos pela contratação de Sforza. Ambas as penalizações foram derrubadas na Fifa, já que o clube carioca está em processo de recuperação judicial e, por isso, não pode efetuar pagamentos a credores em função do regime.

As contratações da era Mattos, com aval da 777, estão entre os principais alvos de crítica da gestão de Pedrinho quanto à saúde financeira da SAF do Vasco. O presidente já declarou publicamente, em diversas ocasiões, que a “folha salarial superfaturada” e os valores pagos pela 777 em transferências de jogadores que não corresponderam em campo são exemplos de má gestão.

— A folha é superfaturada, o orçamento não é compatível com as receitas. O planejamento financeiro foi feito com base em um aporte que nunca aconteceria. Então, foi uma folha exagerada financeiramente. Os jogadores, dentro da avaliação esportiva, que precisariam encontrar outros caminhos, não são fáceis de serem diluídos. Os valores são muito altos. Outros clubes não querem pagar. O valor é desproporcional ao rendimento — disse Pedrinho, há um ano.

Com a saída de João Victor, nenhum jogador do atual time titular do Vasco foi contratado por Alexandre Mattos. A espinha dorsal da equipe foi montada por Paulo Bracks, Lúcio Barbosa e Pedrinho/Marcelo Sant'anna. Veja abaixo:

Escalação base do Vasco: Léo Jardim (Bracks/777), Paulo Henrique (Bracks/777), Mauricio Lemos (Pedrinho), Lucas Freitas (Pedrinho), Lucas Piton (Bracks/777); Hugo Moura (Lúcio Barbosa), Tchê Tchê (Pedrinho), Nuno Moreira (Pedrinho), Coutinho (Pedrinho), Rayan (base) e Vegetti (Bracks/777).

João Victor, de 26 anos, custou 6 milhões de euros (R$ 32 milhões em valores da época), mas o valor da sua contratação subiu para 7 milhões de euros, com a permanência do Vasco na Série A em 2024 - e chegaria a 8 milhões de euros ao fim desse ano, também em caso de permanência da Série A.

A direção de Pedrinho entende que conseguiu diminuir o prejuízo em relação aos valores pelos quais João Victor foi contratado pelo Vasco. Indiretamente, a gestão sempre criticou os números da transferência que trouxe o zagueiro do Benfica para São Januário, principalmente pelos bônus em caso de permanência na Série A.

Ao receber um dinheiro agora pela venda do atleta, o Vasco pode intensificar as conversas para contratar um substituto nesta janela de transferências. Carlos Cuesta é o principal alvo do clube neste momento. A direção avançou nas últimas horas para fechar com o colombiano.
 

Foto: Reprodução/X/Emanuelle Ribeiro

João Victor